Se para os lados de Lula e da esquerda em geral as coisas se complicam em relação a 2026, Bolsonaro e extrema direita não têm o que festejar. As pesquisas sobre a baixa popularidade do presidente acenderam o sinal de alerta para o governo e aliados. Enquanto isso, a provável condenação do ex-presidente, já inelegível, joga o bolsonarismo no desalento, sem perspectiva de reversão desse quadro. O julgamento pelo STF está prestes a começar. Na “polarização”, dois polos encrencados.
Para escapar da atual fase pouco animadora, Lula precisa revigorar sua gestão. É o que ele tenta fazer com as trocas de comando em ministérios, além de iniciativas na área econômica. Pé-de-Meia, isenção de Imposto de Renda, consignado, liberação de FGTS, retomada de grandes obras que geram mais empregos, entre outras medidas, tentam pegar o eleitor pelo bolso. A terrível inflação dos alimentos é desafio para ontem.
Essas e outras ações precisam surtir efeito para que Lula esteja competitivo no ano eleitoral. Pelo que se viu, a badalada chegada do marqueteiro Sidônio Palmeira à Secom não teve o efeito mirabolante que se esperava. A magia acabou rápido. Parece que a alma do negócio tem mais a ver com realizações efetivas do que com propaganda.
Para as bandas da oposição bolsonarista, incluindo a direita “moderada” e as facções ultrarreacionárias, a crise é de outra natureza. Barrado das urnas até 2030 em decorrência de crime eleitoral, Bolsonaro virou o maior problema para sua própria turma. A fila de nomes para ocupar sua vaga de candidato ganha novidade a cada semana.
Para os cidadãos de bem, o cardápio é de alto nível. Basta citar Pablo Marçal, Gusttavo Lima, Michele Bolsonaro e Ratinho Junior. Esses e tantos mais trocam cotoveladas na corrida para se firmar na simpatia do imprevisível eleitor. A confusão tende a aumentar.
Um dado indiscutível no balaio da extrema direita é que todos os pré-candidatos não querem melindrar Bolsonaro. Não por respeito ao elemento, mas, é claro, para não se queimar com o eleitorado ainda fanático pelo “mito”. Vejam que constrangimento.
É o caso do governador paulista Tarcísio de Freitas, o matador. O cara não tem coragem sequer de fazer um registro sobre a vitória de um filme no Oscar – porque isso deixaria Bolsonaro irritado. Olha o tipo de liderança política que pretende governar o país.
E assim os dois polos da política brasileira tentam, cada qual com suas demandas particulares, soluções para crises diferentes. Será um 2025 cheio de solavancos, num panorama aberto a todo tipo de surpresa. Até 2026, nenhuma ideia será definitiva.