Ele era um homem grande, bem forte, branco, cabelos pretos nos ombros, as duas pernas com ataduras, roupas com cores sóbrias, no carrinho de compras uma mochila e algumas compras, uma pessoa comum , que passaria despercebido se não fosse a cena inusitada de, em plena manhã de quarta-feira de cinzas, estar dormindo a sono solto, sentado em uma  cadeira da cafetaria de um supermercado.

O sono do homem,  ali bem no meio da grande  azáfama de gente indiferente, circulando, com seus carrinhos de compra, causou estranhamento a esta ativista.

Será que está só dormindo, não estaria passando por um mal estar?

Com a preocupação atiçando o cérebro, fui em busca de uma funcionária, relatei o caso, fazendo uma  breve descrição do homem.

A moça, calmamente contou  que faz 3 dias que o homem chega à cafetaria, se alimenta, paga e  dorme, por um bom par de horas, depois se vai, mas volta ( sorriu, a moça).

Agradeci, dirigi-me ao Caixa  matutando sobre a proteção de Hipnos/Morfeu, abraçando a alma do homem, acalentando seu sono, com cantigas inauditas  à mesa da cafeteria.

O  sono sendo ninho, abrigo de cansaços mundanos. 

Será um viajante eremita?

Quem há de saber?