Leo Dias é um fenômeno da comunicação no Brasil. Ele pode ser incluído na categoria de fofoqueiros do universo das celebridades. Entre suas peripécias, fez até uma biografia não autorizada da cantora Anitta. Depois da publicação do livro, os dois romperam a “amizade”. Profissionais como Leão Lobo e Nelson Rubens são precursores dessa escola de colunistas sociais. Mas Leo Dias superou o alcance dos colegas veteranos.
Depois de provocar muita confusão com notícias sobre famosos – com destaque para a vida íntima de seus alvos –, o jornalista avançou para o campo da política. Foi nessa onda que ele virou colunista do portal Metrópoles. Ficou no posto durante quatro anos, período no qual era o terror de políticos com atuação em Brasília. No coração do poder, agitou o ambiente e colecionou desafetos, irritados com suas publicações.
O jornalista também aprontou na televisão, passando por Rede TV e SBT. Neste último, sua plataforma para detonar artistas é o programa Fofocalizando. No ano passado, Leo Dias fez o movimento mais ousado em sua trajetória. Criou seu próprio veículo, um portal de notícias na internet, conectado às redes sociais e a canal no YouTube. No São João de 2024, a prefeitura de Maceió contratou a peso de ouro os serviços do jornalista.
Seis dias atrás, Leo Dias escalou um patamar inédito em sua trajetória. Durante mais de duas horas, ele entrevistou o ex-presidente Bolsonaro, “ao vivo, sem cortes, sem edição”, como ele fez questão de ressaltar. Para quem esperava uma rodada de bajulação, nada mais equivocado. O que se viu foi jornalismo da melhor qualidade. Isso mesmo.
Durante a transmissão, a audiência no YouTube chegou a 700 mil pessoas em tempo real. Nesta segunda-feira, o vídeo contava com 2 milhões e 100 mil visualizações. Todo esse público viu o entrevistador fazer as perguntas necessárias, muitas vezes contestando – com dados precisos – as respostas do entrevistado. Não teve oba-oba.
Nem precisava, mas a entrevista de Leo Dias com Bolsonaro confirma a inflexão definitiva na imprensa brasileira desde a ascensão dos meios virtuais. Ao encerrar o programa, o jornalista disse que Lula estava convidado para uma conversa nos mesmos moldes, sob as mesmas condições. O convite está sendo avaliado pelo governo.
Na verdade, a proposta de Leo Dias divide a equipe de comunicação do Planalto. Ao contrário de Bolsonaro, o petista não é um franco-atirador. Avalia-se que um vacilo do presidente pode ter consequências desastrosas. Ao mesmo tempo, é uma janela para falar a milhões de pessoas. Boa encrenca para o marqueteiro de Lula.