
Nos últimos anos, temos observado um fenômeno preocupante nas eleições brasileiras e em diversas partes do mundo: a crescente eleição de políticos que priorizam a venda da imagem nas redes sociais em detrimento de um preparo técnico e político. A era digital transformou radicalmente a forma como os candidatos se comunicam com o eleitorado. No entanto, essa nova dinâmica traz consigo riscos substanciais para a democracia, a governança e os resultados para os que mais precisam.
A popularidade de certos políticos, muitas vezes, não é resultado de suas competências ou propostas concretas, mas sim da habilidade em se promover nas plataformas digitais. Nesse contexto, as redes sociais se tornaram um palco onde a superficialidade pode prevalecer sobre a substância.
Candidatos e Políticos em mandato que dominam os algoritmos e utilizam estratégias de marketing digital conseguem angariar seguidores, votos e avaliação positiva mesmo sem possuir a experiência ou conhecimento necessário para exercer funções legislativas ou executivas. Tão pouco entregam programas ou investimentos relevantes para a população.
Esse cenário é alarmante, especialmente quando se considera o poder das big techs na formação da opinião pública. Plataformas como Facebook, Instagram e Twitter têm um papel crucial na definição de narrativas e na disseminação de informações. O uso dos algoritmos estimulando conflitos e posições extremas pode favorecer determinados candidatos, criando bolhas de informação que reforçam visões de mundo e desinformam o eleitorado. A facilidade com que uma imagem pode ser construída e destruída nas redes sociais torna a política um jogo de aparências, onde a substância é frequentemente sacrificada em nome da popularidade.
O filósofo francês Jean Baudrillard já alertava sobre os perigos da sociedade de consumo e da simulação. Em suas obras, ele discute como a realidade é substituída por representações e imagens, levando a um estado de hiperrealidade onde as distinções entre o verdadeiro e o falso se tornam indistintas. Essa reflexão é válida no contexto atual, onde a política, a ética e a moralidade podem ser distorcidas para se adequar a uma narrativa que, embora sedutora, pode ser vazia de conteúdo.
Os riscos associados a essa nova forma de fazer política são variados. A primeira e mais evidente é a proliferação de líderes mal preparados, que podem tomar decisões com impactos diretos na vida da população sem a devida compreensão das complexidades sociais, econômicas e ambientais.
Além disso, a governança se torna um desafio maior quando os representantes não estão comprometidos com o bem comum, mas sim com a manutenção de suas imagens públicas. Aliás, esse é um grande fenômeno pois esse tipo de político sempre defende posições em linha com o impulsionamento dos algoritmos das redes sociais independentemente da relevância, ética ou da moralidade do tema.
Dessa forma, contribui para a polarização e a fragmentação da sociedade, onde o debate político se transforma em uma guerra de narrativas. A falta de diálogo construtivo e a desinformação podem levar a um ambiente político tóxico, onde a confiança nas instituições é corroída e a participação cidadã se torna cada vez mais apática, retroalimentando políticos oportunistas.
Portanto, é fundamental que a sociedade esteja atenta a essa dinâmica e reavalie seus critérios de escolha política. A valorização de candidatos que possuam não apenas carisma, mas também preparo técnico, experiência e compromisso com a ética e a transparência é essencial para assegurar que a democracia se mantenha saudável. O desafio é grande, mas a responsabilidade de moldar um futuro político mais consciente informado é de todos nós.
Ao final, todos irão sofrer por gestões que não enfrentam os reais problemas da população. Cedo ou tarde a manipulação digital destes políticos ficará evidente seja quando precisar de um serviço público seja quando sua vida em sociedade for piorando, piorando até você não suportar mais.
George Santoro