Lula deu a largada na reforma ministerial e, até agora, gera mais dúvidas do que qualquer sinal de uma almejada calmaria. Não parece fazer sentido o anúncio isolado da troca de Nísia Trindade por Alexandre Padilha na pasta da Saúde. Por que o presidente deixou para depois a escolha do substituto de Padilha na Secretaria de Relações Institucionais? A demora passa a ideia de indecisão do chefe do governo em momento delicado.

A cadeira de articulador do governo com o Congresso está temporariamente vazia. Consta que o presidente analisa três alternativas. Nesta quinta-feira 27, a imprensa passou a tratar Gleisi Hofmann como a mais cotada. Ela está de saída do cargo de presidente nacional do PT e terá assento no primeiro escalão. A princípio, seu nome era citado para a Secretaria Geral da Presidência, desalojando o baiano Márcio Macêdo.

Um segundo candidato ao posto de Padilha é Silvio Costa Filho (Republicanos), atual titular do Ministério de Portos e Aeroportos. Ou seja, seria uma nomeação que abriria outra vaga a ser preenchida. Embora próximo de Lula, Silvio pode ser descartado pelas circunstâncias políticas de agora. E seria mais uma frente para novas mudanças, numa agitação cujos resultados são imprevisíveis. Lula não tem direito a extravagâncias.

E temos finalmente o terceiro nome, Isnaldo Bulhões, visto também como favorito para ser ministro das Relações Institucionais. Uma das vantagens do deputado federal é o apoio do Centrão. O alagoano conta ainda com um cabo eleitoral de peso – nada menos que o presidente da Câmara, Hugo Motta. Líder do MDB na Casa, não é de agora que Isnaldo fortalece sua trajetória no parlamento brasileiro. Pode voar mais alto.

Olhando o panorama assim de longe, a escolha de Gleisi para articuladora do governo junto ao Congresso parece uma doideira. Competente, sem dúvida, com uma história e tanto na vida pública, o perfil da deputada não seria o mais adequado diante do que está aí. Simplificando, a petista é boa de briga – mas o governo precisa de alguém que faça o oposto, que amplie o diálogo com o parlamento. Lula perde tempo e fertiliza confusão.