Sidônio Palmeira, o marqueteiro do governo Lula, descobriu a televisão. Esta semana, o presidente apareceu em rede nacional de TV para tratar de projetos do governo. Uma fala curta, em tom descontraído, de acordo com a nova linguagem da comunicação oficial do Planalto. Foi uma propaganda dos programas Pé-de-Meia e Farmácia Popular. A iniciativa faz parte do pacote de ideias para reagir à avaliação negativa de Lula.

Mas eu falei que o ministro da Secretaria de Comunicação parece ter descoberto a TV. Digamos que despertou para a força que o veículo ainda tem. Porque, a partir de agora, Lula vai fazer um pronunciamento a cada 15 dias. Uma ofensiva fora dos padrões, se olharmos para trás em busca de precedentes. Como se dizia antigamente, serão torpedos para exaltar as realizações deste Lula 3. O cenário é de turbulência.

Mais uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira 26 mostra que o apoio ao governo despenca perigosamente. Embora a economia siga com indicadores positivos, a tal percepção de crise se ampliou, turbinada por farsas como o imposto do Pix. Para encarar essa guerra, a esquerda sofre para ampliar seu poderio nas dimensões do metaverso. Todas as fichas nas redes sociais. De repente, da antiguidade, ressurge a televisão.

As redes foram amplamente ocupadas pelo pessoal da ultradireita. É o que leio aqui, ali, em todo canto – esse diagnóstico coletivo. Nos ventos da revolução da Era Digital, a “nova política” se impôs à revelia de jornalões e redes de TV. Os renovadores políticos, aliás, exaltam o desprezo pelos meios tradicionais como uma qualidade moral. O mundo analógico é para as esquerdas, que seguem reféns de conceitos vencidos.

Seria de esperar então que ninguém ligasse para o fato de Lula decidir por uma ocupação ostensiva de espaço na TV. Mas não é o que ocorre. A oposição já se movimenta para aprovar um projeto de lei na Câmara que restringe essa prerrogativa presidencial. Querem impedir Lula de usar essa velharia do mundo da comunicação. Adiante veremos se a tática governista rendeu o que os marqueteiros esperavam.