Para levar adiante a trama golpista, e ficar no cargo de presidente de qualquer jeito, a obsessão de Bolsonaro e sua gang era com as urnas eletrônicas. Fez-se de tudo e mais um pouco para demonstrar que as urnas não tinham segurança, que eram passíveis de fraude. Mesmo com o auxílio de um hacker, os delinquentes não conseguiram achar um fio sequer fora do lugar, uma tecla arranhada, algum tipo de ruído, nada vezes nada. 

Conclusão dos golpistas: a urna eletrônica é inviolável. Reparem o que diz o tenente-coronel Mauro Cid, num dos áudios revelados no fim de semana: “A gente tá recebendo cara de TI, hacker... Tem que ver o que a gente já montou aqui... Tem de tudo, cara. Mas ninguém ainda chegou com uma coisa que consiga abrir uma investigação”. Como se nota, a força-tarefa contra a boa e velha urna fracassou miseravelmente.

A fala de Mauro Cid, o ajudante de ordens de Bolsonaro que fez delação premiada e entregou a quadrilha, escancara a armação em andamento. Ironicamente, a turma do golpe produziu a prova mais contundente quanto à confiabilidade das urnas. O sistema de votação brasileiro é de uma segurança indevassável – atestam militares e bolsonaristas. O áudio reafirma a farsa desde sempre nas investidas do “mito”.

As vozes do golpe também expõem o nível de nossos patriotas de farda. Que formação esses elementos tiveram nas afamadas academias militares? É tudo muito sujo, tudo muito baixo. E você pensando no rigor moral e na excelência dos estudos para uma carreira nas Forças Armadas. Ao ouvir o que eles falavam na troca de mensagens, descobrimos que não, não há nada de grandioso nas academias para milico.

Depois da denúncia do procurador-geral, Paulo Gonet, Bolsonaro segue com sua estratégia de sustentar a mentira até o fim. A defesa joga suas fichas no tumulto. Os advogados vão pedir a anulação da delação premiada de Mauro Cid, e querem impedir que os ministros do STF Flávio Dino e Cristiano Zanin participem do julgamento. Sem ter como atacar o mérito da denúncia, apela-se pra confusão. A cadeia espera pelo Jair.