O julgamento de uma mulher, acusada de tentar matar a própria mãe por envenenamento, trouxe à tona novos detalhes durante júri popular realizado nesta terça-feira (25), no Fórum do Barro Duro, em Maceió. O primeiro a depor foi o pai da ré e esposo da vítima, que revelou que a filha frequentemente oferecia açaí à mãe para ganhar sua confiança antes de envenená-la.

A acusada confessou que envenenou a vítima colocando veneno em um copo de açaí, que havia deixado na geladeira para que a mãe o tomasse.

De acordo com o relato do pai, a motivação para o crime surgiu após a vítima começar a suspeitar das mortes dos netos, ocorridas entre 2016 e 2021. A menina Kyara Kethelen, de 1 ano, faleceu em 2016 em circunstâncias suspeitas, assim como o irmão Ícaro Kaique, de 3 anos, que morreu em 2021.

Ele afirmou que a esposa, na casa da sogra, chegou a dizer que denunciaria ela à polícia caso confirmasse que ela era responsável pelas mortes das crianças. Pouco depois, uma discussão intensa entre mãe e filha teria culminado na tentativa de homicídio.

Durante o depoimento, o pai revelou ainda que, após envenenar a mãe, a filha ligou para ele para informar que a vítima estava passando mal e que havia sofrido uma parada cardíaca. À época, ela foi levada com urgência ao Hospital Geral do Estado (HGE). Apesar dos esforços médicos, a vítima não se recuperou e permanece em estado vegetativo, sem possibilidade de retomar sua rotina.

Para o pai, a filha tentou silenciar a mãe ao perceber que havia sido descoberta. Em um momento de forte emoção, ele declarou: “Graças a Deus ela não está aqui, pois não consigo olhar para ela, excelência. Me desculpe, se aqui ela estivesse, eu não responderia por mim.”

O pai da ré também revelou que ela frequentemente lhe oferecia passagens de avião. Por isso, ele disse que, após a morte do segundo neto, alertou a esposa para não aceitar alimentos oferecidos pela filha.

O julgamento continua na 7ª Vara Criminal, onde o Ministério Público mantém a acusação de tentativa de homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e uso de veneno.