Nos últimos dias, a situação estrutural do Viaduto da Avenida Leste-Oeste, que liga a parte alta de Maceió aos bairros da parte baixa, chamou atenção dos maceioenses por meio da imprensa e das redes sociais. Nas imagens, é possível ver a deterioração da estrutura, com as ferragens expostas entre o concreto.
A situação ganhou mais notoriedade após as recentes fortes chuvas, que evidenciaram a infiltração de água através das vigas estruturais. Diante disso, a Prefeitura de Maceió iniciou uma série de reparos no sábado (8) para evitar maiores danos ao viaduto.
O CadaMinuto entrevistou o presidente do Instituto de Avaliações e Perícias de Engenharia de Alagoas (IBAPE-AL), engenheiro civil Marcelo Daniel, que esteve no local para ver de perto a situação. Segundo ele, as atuais ações da Prefeitura não são suficientes para resolver o problema do viaduto, sendo apenas paliativos.
"O problema é estrutural, não é simplesmente encher de concreto as vigas que estão com a ferragem aparente, dando injeção de algum material ou um produto para conter infiltrações. Isso é um paliativo e pode, em um ano, estar de novo com todo o problema. Tem que fazer um reforço estrutural, rever tudo, fazer um serviço completo, abrir, detectar os danos, porque as reparações estão sendo superficiais. A ferragem está exposta inclusive na laje. O ferro positivo, que é o ferro que fica por baixo, está aparente. Se você enche de alguma coisa, não sabe por cima o que tem de dano", relatou.
O medo de um possível desabamento do viaduto, similar ao que aconteceu com a ponte que caiu no estado do Maranhão, trouxe preocupação à população de Maceió. O engenheiro esclareceu quanto à possibilidade:
"Não digo que o viaduto vai cair, mas em locais onde a resistência do concreto está reduzida, pode haver afundamento. Se uma carga pesada, como um caminhão com 30, 40 toneladas, se concentrar sobre o viaduto, sobrecarrega o ponto e pode haver realmente um afundamento", disse.
Marcelo ainda relatou que não se recorda de ter sido feito nenhum estudo ou análise estrutural, apenas pinturas e recapeamento, desde a construção do viaduto, inaugurado há 48 anos, em 1978.
Segundo ele, existe um planejamento para vistoriar diversos viadutos e pontes em Maceió e no interior de Alagoas.
"Foi reunido o CREA-AL (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas), sob a coordenação da nossa presidente Rosa Tenório, que convidou profissionais da área de engenharia civil, o IBAPE-AL e também o clube de engenharia. Na ocasião, foi feito um planejamento para vistoriar diversos viadutos e pontes em Maceió e no interior. Inicialmente começaremos na capital, inclusive visitaremos novamente o viaduto da Fernandes Lima, depois a ponte do Vale do Reginaldo e vários outros viadutos e pontes em Maceió. Essa programação está sendo coordenada pelo CREA e será ajustada conforme necessário", finalizou.

Ações da Prefeitura
Em matéria publicada pela assessoria de Comunicação da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra), a pasta afirmou que "as ações no viaduto envolvem a recuperação da ferragem exposta e corroída. Será feita a limpeza na armadura e a aplicação de pintura anticorrosiva, além da colocação de argamassa estrutural. Os técnicos também estão analisando ações de drenagem e impermeabilização para o elevado, que apresenta problemas como diversas infiltrações, comprometendo sua integridade."
Os trabalhos de manutenção estão sendo realizados de 21h às 4h nos dias de semana e de 17h à meia-noite nos finais de semana, para minimizar os impactos no trânsito. Durante a execução dos serviços, duas das quatro faixas do viaduto são interditadas, mantendo-se o fluxo original nas faixas liberadas. O local conta com sinalização para orientar os motoristas sobre os bloqueios e desvios necessários.
A partir de quinta-feira (13), a Semimfra também realizou obras nas alças laterais do viaduto, parte que permite o passeio dos pedestres.

Foto de capa e galeria: Maciel Rufino
*Estagiário sob supervisão da editoria