“Aqui se relatam fatos protagonizados por um presidente da República que forma com outros personagens civis e militares organização criminosa estruturada para impedir que o resultado da vontade popular expressa nas eleições presidenciais de 2022 fosse cumprida, implicando a continuidade no poder sem o assentimento regular do sufrágio universal”. É a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Bolsonaro.
O ex-presidente foi denunciado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado e organização criminosa. A trama golpista previa até o assassinato de autoridades, como Lula, Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Pelo conjunto da obra, o capitão da tortura pode pegar mais de trinta anos de cadeia. Não há escapatória para o Jair no julgamento que está a caminho pelo Supremo Tribunal Federal.
Além de Bolsonaro, foram denunciados mais 33 envolvidos no esquema criminoso. Entre eles estão os generais Braga Netto e Augusto Heleno, o almirante Almir Garnier e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres. É um baque para as Forças Armadas, que embarcaram na aventura do marginal que pregou ideias antidemocráticas durante toda sua trajetória política. A denúncia não deve surpreender ninguém.
A novidade sacode a política, com reações imediatas num momento em que todo mundo fala nos cenários para 2026. Como o inelegível não recua de seus interesses pessoais, vai arrastando a turma da direita para uma situação de impasse. O “bolsonarismo moderado” – essa contradição nos termos – tenta emplacar Tarcísio de Freitas, o governador matador de São Paulo. A confusão tende a aumentar agora.
Além desse caso, o ex-presidente também deve ser denunciado pelo roubo das joias presenteadas ao país e pela fraude em cartões de vacina. Havia expectativa de o procurador fazer uma denúncia conjunta. Mas ele optou pelo chamado fatiamento, o que acelera o julgamento. Cada coisa a seu tempo. Primeiro, cadeia pelo golpe de Estado.
Os aliados do golpista vieram a público com aquele padrão de hipocrisia e o lenga-lenga de “perseguição política”. Dizem que tudo é ficção, e Jair Messias é um inocente, vítima da “ditadura do Judiciário”. Parem de mimimi! Essa choradeira, esse vitimismo não combinam com os valentões saudosistas da ditadura. O palavrório da turma é triturado na peça levada ao STF pelo procurador Gonet. Sobram provas da bandalheira.
Por óbvio, a porcaria de projeto de anistia a golpistas e o lixo de projeto para anular a Lei da Ficha Limpa vão para o brejo. Não havia chance de prosperarem, mas agora isso está soterrado de uma vez por todas. Que a lei seja cumprida. O Brasil não pode tolerar bandidos como Bolsonaro e seus cúmplices. Hora de acertar as contas.