O presidente da República lança uma pirâmide financeira para dar golpe em milhares de pessoas. Foi na Argentina. Seguindo os passos do ídolo Donald Trump, Javier Milei lançou sua própria criptomoeda e incentivou o povo a investir em seu negócio particular. No dia seguinte, a jogada estava desmoralizada, e o presidente tenta escapar de um processo de impeachment. O caso, um grande escândalo, espanta o mundo inteiro.   

Nos Estados Unidos, Elon Musk, um delinquente da plutocracia digital, toca uma “reforma profunda” na máquina pública americana. O poder do bilionário é tamanho, que já provoca turbulência na equipe de governo. É como se o chefe da nação tivesse terceirizado a gestão do país. Uma das explicações principais para isso é que Musk comprou essa condição de mandachuva ao financiar a campanha de Trump.

De volta a Milei, a situação do “anarcocapitalista” argentino se complicou depois de uma entrevista a um jornalista do Clarim. Foi uma tentativa de explicação sobre o caso da criptomoeda. Deu tudo errado. Um vídeo vazado, que apareceu no YouTube, mostra que a conversa foi combinada, um jogo de cena para produzir uma versão favorável a Milei. O vídeo é uma vergonha para ele e para a imprensa do país. Precisa de investigação séria.

O que as ações tresloucadas e criminosas de Trump e Milei têm a ver com o Brasil? Tudo. Basta ver a postura de Bolsonaro e sua gang, além de outras vozes da ultradireita. A meta é atacar as instituições e o ordenamento jurídico do país. É a estratégia do caos. Desmonte generalizado de programas sociais e todo poder aos donos do dinheiro. Era a receita de Paulo Guedes, aquele ministro que odiava domésticas viajando de avião.

Com todo mundo querendo ser empreendedor e ficar milionário com criptomoeda, vai faltar lugar na arca da felicidade. Uma pretensão individual, porém, não é demanda para a esfera pública. Mas é o que vai se desenhando na onda de outra falácia – a “meritocracia” que desqualificados fingem praticar. De novo, ricaços ficam mais ricaços.

A marcha da degradação foi interrompida em 2022, com a derrota de Bolsonaro, mas estamos longe da paz. Em jogo, claro, estão as eleições gerais de 2026. O inelegível esperneia, berra e mente a cada respiração, mas seu destino está selado. Será preso.

O panorama atual, vale ressaltar, é mais relevante do que as figuras individuais. Bolsonaro fora do jogo não significa o fim da bagaceira. Ele é mais um entre tantos aptos a pegar o bastão e seguir atirando para matar. Muitas batalhas pela frente.