Um bando atacou uma delegacia no Rio Janeiro para libertar presos. Rápido no gatilho pelas redes sociais, o inacreditável governador Cláudio Castro reagiu assim: “A resposta será dura e na mesma proporção, só que com efetividade e dentro da lei. Turminha dos ‘direitos humanos’, não encham meu saco”. Dominado por milícias e facções, o Rio é vítima de uma sucessão de governos cada um mais deletério do que o outro.
Sem uma política de segurança de verdade, o estado toca as ações na área no piloto automático. O resultado é esse espetáculo permanente de desmantelo nas ruas, com os índices de assaltos e mortes em crescimento. Não é de hoje, como disse, mas parece sim uma degradação evidente em ritmo imparável. E Castro piora tudo.
No episódio da delegacia, o governador, ao que parece, resolveu apelar ao diversionismo eleitoreiro. A fala do boquirroto, com a ofensa à “turma” que atua na defesa de direitos humanos, é um aceno ao eleitorado de extrema direita, ao bolsonarismo. A tática é antiga – correr atrás de um inimigo, um espantalho qualquer, e driblar o tema.
A manifestação do governador fluminense também reafirma a ideia fixa da ultradireita quando se trata de respeito aos direitos individuais. A “turminha dos direitos humanos” está na mesma faixa do “bandido bom é bandido morto”. Esse pessoal reverencia a ideia de grupo de extermínio e aprova tortura como método de investigação.
Vejam que estamos falando de um caso registrado no Rio de Janeiro. Não é nos confins do Brasil, longe de tudo, onde a civilização é relativa. Porque nesse tema, não há privilégio para desatinos. A visão rasteira sobre segurança pública atesta o nível de nossos gestores públicos e parlamentares. No Legislativo, a visão é a mesma.
Claudio Castro quer mostrar sua macheza. Tarcísio de Freitas também. Ronaldo Caiado, então, nem se fale. Guilherme Derrite, o secretário matador do governo paulista, é um coronel Amaral do século 21. Esse desalento é marca registrada do país.
O discurso é velho, velhíssimo, e recurso dos piores tipos da política. Mas vamos ter de aturar até o fim dos tempos. Se depender da direita, a agenda da segurança estará no topo para 2026. O debate é necessário e urgente, claro. O problema é a falácia.