Divulgado este ano, um estudo da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP) apontou que os crimes digitais cresceram 45% no país em 2024, atingindo 5 milhões de golpes online. Somente em relação ao estelionato por meio eletrônico, foram quase 2 milhões de registros em 2023, desta vez conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Em relação aos dados da ADDP, o professor do curso de Sistemas da Informação da Estácio, Jorge Israel Silva, explicou que o aumento decorre da frequência do uso da internet ao longo dos anos.

“O uso da internet é cada vez mais comum e quase indispensável no dia a dia de todos. Com isso, também golpes mais sofisticados chegaram e se mantém na medida em que falta conscientização digital e crescem as transações financeiras online. As faixas etárias mais velhas são mais vulneráveis a golpes clássicos, mas os mais jovens também podem ser alvos de fraudes em plataformas digitais como jogos e redes sociais”, afirmou, por meio da assessoria de Comunicação da faculdade.

Neste cenário, ele defende a necessidade urgente de investimentos em educação digital: “Buscar conhecimento e estar a cada dia mais atualizado ajuda, e muito, as pessoas a identificar fraudes e adotar boas práticas de segurança, como criar senhas fortes, atualizações e muita cautela com informações online. Isso reduz a vulnerabilidade a golpes digitais”.

No Senado, estão em discussão algumas propostas para minimizar o problema, entre elas, o PL 1.049/2022, que prevê pena de dois a cinco anos de reclusão, além de multa, para quem sequestrar o computador ou celular da vítima e cobrar um valor em dinheiro pelo resgate. Já o PL 879/2022, inclui o crime de sequestro de dados no Código Penal.

 

Dicas de segurança

Ainda por meio da assessoria, Jorge Israel explicou que algumas dicas de segurança também podem barrar os criminosos, como selecionar a autenticação em dois fatores das contas online, como redes sociais. 

“Esse método exige que o usuário forneça duas formas diferentes de verificação antes de conseguir entrar em sua conta. Normalmente, a primeira etapa envolve a inserção da senha, enquanto a segunda exige um código temporário enviado via SMS, e-mail ou gerado por um aplicativo de autenticação. Assim, mesmo que alguém consiga descobrir sua senha, ainda precisaria do segundo fator para acessar a conta, aumentando significativamente a segurança e reduzindo o risco de fraudes e invasões”, detalha o professor.

E para evitar que esse percentual registrado pela ADDP ganhe ainda mais força no futuro, algumas medidas serão ainda mais necessárias daqui para frente. “As tendências futuras são de que as instituições estarão cada vez mais preparadas para romper as tentativas de fraudes, contando com o uso de inteligência artificial e aprendizado de máquina nos golpes. Também haverá maior foco em privacidade e regulamentações, ou seja, as instituições devem investir em treinamento, tecnologias de defesa, auditorias de segurança e planos de resposta a incidentes”, finaliza.

 

Vítima duas vezes

A professora aposentada Madalena Santos (nome fictício a pedido da entrevistada) comentou que, infelizmente, caiu em golpes digitais em duas ocasiões diferentes. A primeira vez ocorreu no final de 2023. "Eu não sabia manusear muito bem o celular e apareceu uma mensagem de uma loja que eu costumava comprar pedindo para autorizar uma transação e mandou apertar em um link. Dias depois, percebi que era mentira e haviam de fato efetuado compras em meu nome", relatou.

Depois desse susto, Madalena revelou que passou muito tempo com receio de efetuar qualquer transação virtual. No entanto, em 2024, ela caiu novamente em um golpe, desta vez um falso Pix. 

A professora estava aguardando o pagamento de uns precatórios quando um falso advogado informou que ela deveria efetuar um pagamento, via Pix, para que o valor total fosse liberado. "Não desconfiei e fiz o repasse de R$ 5 mil. Infelizmente era um golpe", lamentou.

Em agosto do ano passado, o CadaMinuto divulgou dados da Seção de Estatísticas da Polícia Civil de Alagoas mostrando que, entre 2021 e o primeiro semestre de 2024, foram registrados no estado 72.761 boletins de Ocorrência por estelionato e estelionato por meio eletrônico no estado.