Se dez por cento de tudo o que saiu na imprensa nos últimos dias for verdade, Bolsonaro será denunciado a qualquer momento pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet. Não será neste domingo, claro, mas há quem garanta que desta semana não passa. A iminente denúncia será julgada pelo STF, com forte tendência para a condenação. Todo mundo aposta que haverá sentença para prisão em regime fechado.  

Bolsonaro responde por crimes em três processos – fraude com cartão de vacina, apropriação de joias de propriedade pública e trama para um golpe de Estado. Segundo Monica Bergamo, gente nos arredores do procurador garantem que será uma peça “robusta”, com argumentos técnicos e excesso de provas. Jair não escapa.

Sabendo que sua causa está perdida – seguirá inelegível e vai bater na cadeia –, o ex-presidente voltou ao modo pistoleiro da verborragia. Em gravação e mensagens pelas redes, o capitão irrecuperável ofende o ministro Alexandre de Moraes, mente sobre a atuação do TSE e repete a criminosa ladainha cotra as urnas eletrônicas.

Esse estilo estava no armário nos últimos meses. Aconselhado pelos advogados, Jair aceitou a contenção – sobretudo para não criar mais problemas com os tribunais. Mas Bolsonaro é quem ele é. Seus novos insultos podem sinalizar a tentativa de mobilizar reação popular em sua defesa. Não vai na lei, o homem quer ganhar no grito.

Enquanto isso, o bolsonarismo quer afastar Lula do Planalto, mas está na dúvida se isso deve ocorrer agora ou nas eleições de 2026. A extrema direita marcou para 16 de março manifestações pela anistia a golpistas. A pauta de impeachment para Lula racha a turma patriota. Bolsonaro, por exemplo, não quer saber disso agora. Seu tema é anistia.

Para sacudir ainda mais as vias pela direita, os números do Datafolha sobre queda no apoio a Lula servem de combustível para a convocação do povaréu às ruas. Não importa o tamanho desse ato programado, no entanto, não há clima para “virada de mesa” em favor de Bolsonaro. Diante de tudo o que se sabe, o xadrez é inescapável.