Digo isso não como uma acusação, mas como constatação pelo comportamento ou pregação pública de ambos.
A “lamentação” protocolar, com postagens oficiais, esconde um distanciamento que eles não estão dispostos a romper - porque isso dá trabalho, mas não dá voto.
E antes que alguém diga que esta é uma afirmação contra a classe política, lembro que convivi com políticos que dedicaram tempos de suas vidas à literatura, ao cinema e até à poesia (o até é proposital).
Cito Eduardo Bomfim, Mendonça Neto, Djalma Falcão Geraldo Bulhões, Ronaldo Lessa, Téo Vilela - de ideologias e correntes partidárias distintas.
O que os diferencia de Dantas e de JHC, sem entrar na questão política, propriamente, é o fato de que os citados tinham interesses além do jogo do poder e da grana, entendendo que a vida é muito maior do que isso.
O governador e o prefeito de Maceió, que vivem lacrando em suas redes sociais, sabem, por exemplo, que Graciliano Ramos é alagoano – o grande Graciliano! –, e só. Não tratam, nunca, de temas que poderiam ajudar seus seguidores e entenderem o mundo e as pessoas. Em resumo: que nós não somos apenas corpo e bolso.
Nunca dedicaram em suas postagens uma linha ao maior escritor alagoano de todos os tempos, um dos grandes do Brasil -, sugerindo uma obra a seus seguidores (e dizendo o porquê).
Cacá Diegues é desse mundo em que eles se sentem alienígenas, sem a curiosidade quanto ao desconhecido, e será sempre nas mensagens póstumas, “o grande cineasta alagoano e nacional”.
É uma pena, mas entendo que eles, os dois, são produtos do seu meio, do qual eles não pretendem escapar. Repito: o pragmatismo os leva em sentido contrário.
Não sou o maior fã de Cacá Diegues, mas sugiro aos que perderam seu tempo lendo essas linhas, dois filmes excelentes do alagoano Cacá: Chuvas de verão (lindo, de uma delicadeza raríssima) e Bye Bye Brasil (talvez o mais citado).