O Datafolha que mostra a forte queda na aprovação de Lula sai um mês depois da posse de Sidônio Palmeira na Secom. O marqueteiro eleitoral foi convocado para o ministério com a missão de mudar tudo na comunicação do governo. Não tem o que comemorar diante dos números trazidos pela pesquisa. Verdade que não se pode culpar o ministro. Quando ele chegou o governo estava acossado pela crise do Pix, uma bagaceira.

A aprovação ao petista despencou em dois meses. Esse é o período entre um levantamento e outro feitos pelo Datafolha. Ou seja, se daqui a 60 dias uma nova pesquisa revelar o mesmo quadro, ou uma piora nos percentuais, o que fazer pela estratégia de comunicação? Digamos que esse seja o prazo para Sidônio ao menos estancar a sangria e apresentar alguma perspectiva de avanço. O quadro é terrível.

Como não poderia deixar de ser, o Datafolha deflagou uma avalanche de análises e projeções sobre 2026. Para a maioria das opiniões, é dado como certo que o desempenho de Lula alerta para a necessidade de um plano B. Em público, nenhuma liderança petista dirá uma coisa dessas, mas todos sabem que é algo a ser encarado. Além do fator idade, soma-se o risco de uma rejeição que torne a candidatura à reeleição uma aposta de alto risco. Essa é uma preocupação antiga que hoje ganha mais atenção.

No PT e em setores de esquerda, o discurso à plateia é de “confiança”. A ideia a ser exposta como reação é de que “tem tempo para recuperação”. Novos projetos na área social são vistos pelo presidente como ações com potencial para animar o eleitorado. A mudança na gestão das redes sociais do governo gerou crescimento do chamado engajamento digital do presidente. Mas, como se vê agora, é preciso muito mais para mudar o ambiente tomado por percepção negativa. Que o marketing mostre serviço.

A pesquisa deu mais combustível para a oposição e para a direita. A turma do golpismo reforçou a mobilização para um ato de rua marcado para março. Com a popularidade presidencial em queda livre, o Planalto deve acelerar a reforma presidencial – que pode ser mais radical do que estava previsto. A tendência é reforço na base de sustentação no Congresso, o que significa mais espaço para partidos no primeiro escalão.

Lula encara o momento mais crítico de seu terceiro mandato na Presidência da República. Se não reagir à altura, pode ser obrigado a tomar a decisão drástica de escolher um candidato mais forte como alternativa a seu próprio nome. Os mais tranquilos no entorno do petista têm certeza de que o líder tem todas as condições de virar o jogo. Afinal, nas últimas pesquisas eleitorais, ele segue à frente de todos os postulantes da oposição. Ou seja, apesar do tranco, o cara ainda é favorito.