O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) prestou depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (13), no âmbito do inquérito que investiga desvios no chamado “Orçamento Secreto” da Câmara dos Deputados. Durante o relato, Braga atribuiu a falta de transparência no uso dos recursos ao ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e afirmou que Lira liderava um suposto esquema de corrupção que desviou milhões de reais por meio de emendas partidárias.

Braga relatou que, no final de 2024, Arthur Lira cancelou as reuniões das Comissões, alegando priorizar a pauta do plenário. O deputado mencionou, como exemplo, o município de Rio Largo, em Alagoas, onde o ex-prefeito, com um histórico de prisões por corrupção, teria recebido recursos do orçamento secreto. 

"Duas empresas eram contratadas, retiravam dinheiro na boca do caixa, com mais de 200 saques, e entregavam esse dinheiro para assessores do prefeito em um beco", disse Braga, relembrando a operação “Beco da Pecúnia” que desvendou esse esquema.

Sobre as justificativas de Lira, Braga refutou a versão de que a mudança na agenda visava dar maior prioridade ao plenário, afirmando: “Isso é uma mentira, porque sou presidente de Comissão, e grande parte do trabalho nas Comissões ocorreria pela manhã, com as votações em plenário à tarde. Ele fez isso para evitar qualquer tipo de deliberação e acompanhamento transparente dos recursos, descumprindo reiteradas decisões do Supremo Tribunal Federal.”

Ao comentar sobre o futuro da gestão da Câmara, Glauber Braga expressou sua expectativa de que o novo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), adote medidas que garantam maior transparência no uso dos recursos públicos. 

"Espero que Arthur Lira seja devidamente responsabilizado e que os demais deputados, incluindo o atual presidente, percebam que essa estruturação de um projeto de poder que captura o orçamento público de maneira irregular não pode continuar. É isso que eu espero", concluiu o parlamentar.