Lula visitou o Amapá e defendeu a realização de estudos para exploração de petróleo na Foz do Amazonas. Num discurso enfático, o presidente garantiu que não haverá nenhuma “loucura ambiental”, mas a suposta riqueza natural tem de ser explorada para o “desenvolvimento do país”. A fala do presidente foi nesta quinta-feira 13. No dia anterior, ele havia reclamado do “lenga-lenga” do Ibama para dar licença ambiental.

A investida de Lula na defesa do projeto que gera controvérsia coincide com a chegada de Davi Alcolumbre à presidência do Senado. O senador amapaense é um militante barulhento pela busca do petróleo em seu estado de origem. Ele discursou ao lado de Lula e falou do assunto em tom de ufanismo amazônico. O projeto arrasta Lula e Alcolumbre para uma aliança inevitável. O debate virou moeda política para ambos. 

Como tem demonstrado com eloquência, o presidente não mede palavras para elogiar o chefe do Senado e o novo chefe da Câmara, o deputado Hugo Motta. Diante do poder de fogo do Congresso, o petista recorre ao mais bruto pragmatismo para garantir a sempre instável governabilidade. Sem o parlamento, o governo corre perigo. Lula, claro, prefere não arriscar movimentos que sinalizem qualquer hostilidade com os congressistas.

Duas semanas atrás, logo após a eleição das Mesas da Câmara e do Senado, o petista teve um encontro, demorado e particular, com os eleitos pelos parlamentares. Tratou ambos como verdadeiros estadistas e garantiu uma relação de parceria com a dupla.

Mas, apesar do tratamento igualitário, Lula parece mais próximo do senador da Amazônia do que do deputado paraibano. Alcolumbre, como se nota com facilidade, está mais desenvolto do que quando se elegeu presidente do Senado pela primeira vez.

O caso é o seguinte. Lula sabe que não pode vacilar com essa turma. Eduardo Cunha ainda está muito forte na memória de todos. A ordem então é buscar entrosamento, ainda que haja conflitos pontuais. Senado e Câmara nunca estiveram tão fortes.