Ela viveu para dar voz a quem precisava ser ouvido, para lutar por aqueles que acreditava serem dignos de sua lealdade. No rádio, sua paixão e trincheira, dedicou anos de trabalho incansável, moldando discursos, erguendo reputações e defendendo causas que não eram suas, mas que abraçou como se fossem.
No entanto, quando os que ela tanto ajudou chegaram ao topo — seja na política, seja no sucesso financeiro — o reconhecimento esperado nunca veio. Pelo contrário, foi esquecida, relegada ao silêncio que tanto temia, trocada por novas conveniências e alianças mais lucrativas.
Sozinha, viu sua história ser riscada do enredo que ajudou a construir, sentindo na pele a indiferença daqueles que um dia a chamaram de aliada. A voz que ecoava nas ondas do rádio agora se afogava em um mar de tristeza e frustração, consumida pela dor do abandono.
Em carta ela explicou que o mundo seguiu, impiedoso, e ela se foi, sem honrarias, sem homenagens, apenas com a certeza amarga de que, na política e na vida, a ingratidão é o pagamento mais cruel para aqueles que ousam acreditar demais nos outros.