Meire Mansuet é uma mulher preta, poderosa, e com o pertencimento à flor da pele.
A mesa das autoridades, do Seminário Nacional Liberdade Religiosa- Desafios e Perspectivas, Meire ostenta, orgulhosamente seu turbante de sacerdotisa Candomblecista, religião de matriz africana.
Que legal!
A sacerdotisa é , também, delegada da Polícia Civil, titular da Dachri , em Aracaju, Sergipe.
A Dachri é a Delegacia de Atendimento a Crimes Homofóbicos, Racismo e Intolerância Religiosa (Dachri), vinculada ao Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV).
Esta ativista, Arísia Barros, Coordenadora do Instituto Raízes de Áfricas, teve uma boa conversa com a delegada-sacerdotisa e as demandas relacionadas a Delegacia
Meire fala: ‘Como praticante da religião de matriz africana há 25 anos, sei dos dissabores pelos quais passam nossos irmãos e isso me dá mais segurança na investigação, porque vivo essa realidade.
Eu sei das mazelas pelas quais passa o nosso povo de terreiro, infelizmente, as denúncias não estão chegando. Talvez pelo medo da exposição ou pelo próprio constrangimento. Mas, quando sabemos que existiu um crime de racismo, averiguamos a fundo para buscar soluções. " afirma a Delegada.
O racismo é inadmissível.
A Dachr é um espaço para o enfrentamento a toda forma de racismo e o Governo de Sergipe segue com ações de promoção a direitos fundamentais no estado, como resultado do esforço conjunto e da política transversal que vem sendo implantada no estado”.
Quando inquirimos como é ser sacerdotisa de uma religião estigmatizada, socialmente, dentro de um sistema exclusivo, a delegada responde:
-Meu cargo me blinda, por fazer parte de uma categoria de privilégios. Ser negra de pele clara também me blinda e daí de certa forma, somos ‘poupada’, entretanto, sabemos do nosso compromisso, como agente da segurança pública, de salvaguardar os direitos das populações minorizadas.
Inclusive, quando a Delegacia Especial de Crimes contra Vulneráveis Tia Marcelina foi criada ( agosto de 2022) , em Alagoas, tivemos um diálogo produtivo com a delegada Rebecca Cordeiro, titular da delegacia, ressaltou, Meire.
Conversar com a sacerdotisa delegada foi interessante para perceber a necessidade do diálogo entre estados, para o fortalecimento das ações institucionais.
Foi um prazer, Delegada!


