Nos últimos anos, a busca por uma identidade visual diferenciada tem levado designers a explorarem abordagens tipográficas ousadas, inclusive na separação silábica de palavras para composições gráficas. Se, por um lado, essa prática pode gerar impacto visual e reforçar conceitos criativos, por outro, há um risco latente: a perda da clareza da mensagem.
A separação silábica, quando mal aplicada, pode resultar em leituras equivocadas, interpretações dúbias e até mesmo em associações indesejadas. Em campanhas publicitárias, identidades visuais e materiais institucionais, esse erro pode comprometer a credibilidade da marca ou do projeto, afastando o público em vez de atraí-lo. A fragmentação indevida de palavras pode gerar duplos sentidos, forçar o leitor a um esforço desnecessário de compreensão e, em alguns casos, distorcer completamente a mensagem pretendida.
Embora a liberdade poética seja um recurso legítimo na criação artística, ela não pode ser aplicada indiscriminadamente no design gráfico e na comunicação institucional. Diferentemente da literatura e da poesia, onde a experimentação pode enriquecer a interpretação, na comunicação visual o objetivo principal deve ser a clareza. Um erro de separação silábica pode transformar uma mensagem sofisticada em algo confuso ou até cômico, prejudicando o impacto desejado.
O design, por essência, deve ser funcional antes de estético. Qualquer escolha visual que interfira na legibilidade ou na correta interpretação do conteúdo deve ser revista. Separar sílabas sem considerar as regras gramaticais da língua ou sem avaliar o impacto no entendimento do texto pode parecer um detalhe insignificante, mas pode custar caro em termos de comunicação.
A cautela, portanto, deve ser a palavra de ordem. Designers e comunicadores precisam equilibrar criatividade e inteligibilidade, garantindo que a estética nunca suplante a clareza da informação. Afinal, um bom design é aquele que comunica sem ruídos – e não aquele que sacrifica a compreensão em nome da ousadia visual.