A gestão de Hugo Motta como presidente da Câmara dos Deputados começou com tudo. Se você olhar agora os principais veículos de notícias, verá o nome do parlamentar em chamadas sobre assuntos diversos. Já o nome de Davi Alcolumbre, novo presidente do Senado, nada na tela. Motta produz notícia a cada hora, em entrevistas para os maiores meios, mas também ao jornalismo regional. E os temas são explosivos.
Antes de tratar sobre pautas à mesa do presidente da Câmara, algumas palavras sobre seu estilo. Na largada, o mais importante gesto do deputado foi se distanciar de Arthur Lira. Sem briga. O alagoano, claro, foi coberto de elogios pelo sucessor naquelas cerimônias intermináveis de despedida. Mas, para quem esperava um Motta vacilante, alvo fácil da influência de Lira, os fatos atestam que não é nada disso.
Como disse, sem briga com Arthur Lira. Mas, rei morto, rei posto. Os primeiros atos da nova Mesa Diretora viraram de cabeça pra baixo o modelo montado pelo ex-presidente. Do horário das sessões ao trâmite de projetos, mudou tudo a partir de primeiro de fevereiro. Por decisão do novo presidente, as sessões virtuais serão mais restritas.
Um dos atos que alteram o rito dos trabalhos na Câmara tem uma relevância especial. A pauta de análise de projetos passa a ser divulgada com antecedência, para se evitar surpresas e armadilhas em cima da hora. Era uma das táticas prediletas de Arthur Lira. Com isso, o presidente manipulava o plenário como queria. Foi assim por quatro anos.
São os primeiros momentos da nova gestão. Por enquanto, estamos na etapa do falatório pela imprensa, decorrente em grande parte da overdose de entrevistas de Hugo Motta. A etapa que vai esquentar nos próximos dias é a retomada das sessões em plenário.
Anistia a condenados pelo 8 de janeiro, morte matada para a Lei da Ficha Limpa e até mudança do regime de governo. O que não falta é projeto-bomba a caminho do plenário, com potencial para incendiar debates. Hugo Motta terá de fazer escolhas difíceis.