Neymar Junior volta aos gramados a menos de um mês do Carnaval. Sem contar as prévias. O craque estreia pelo Santos no campeonato paulista nesta quarta-feira, 5 de fevereiro. Nesta segunda-feira, Neymar chegou de helicóptero para treinar na Vila Belmiro. A paixão é cega – ao menos no futebol. Uma camisa especial, pela volta do jogador, teve o estoque esgotado na pré-venda. O time ganhou 9 mil sócios em um dia.

Somente no mês de janeiro, após o anúncio da contratação do atleta, o Santos ganhou 1,7 milhão de seguidores. O voo que saiu da Arábia trazendo o jogador para São Paulo foi acompanhado, em tempo real num aplicativo, por 35 mil pessoas. Nos últimos dias, as redes sociais do “menino da Vila” tiveram mais de 1 bilhão de visualizações. O fanatismo ignora qualquer sujeira no currículo, por mais degradante que seja.

Na apresentação festiva no estádio, teve show de Mano Brow e Supla, dois ícones da rebeldia de vitrine. O que diabos esses caras pensam da vida, com aquela reverência toda a um sujeito como Neymar? Vi algumas imagens de longe desse teatro. Foi constrangedor ver o rapaz fingir um choro inexistente. Tudo exatamente como se espera – sendo o personagem o que sempre foi. Todas as pistas indicam para um desastre.

O retorno ao Brasil é o atestado de declínio sem volta numa carreira que nunca “entregou” (desculpem) o que prometeu. Saiu do Barcelona e do PSG pela porta dos fundos, visto com desprezo por colegas de clubes e torcidas. A passagem pelo futebol árabe é um capítulo medonho a combinar com uma trajetória de baixo nível.

Antes de tudo isso, ele escreveu seu nome para sempre na história das Copas do Mundo. Em 2018, na Rússia, as simulações de falta fizeram do brasileiro um meme global. Em 2022, no Qatar, foi inexpressivo em mais uma eliminação da Seleção Brasileira.

Mesmo sob ataque do relativismo existencial, às vezes a razão prevalece na sucessão de causas e consequências. Se der a lógica, portanto, vamos assistir a mais uma lambança de Neymar, o bilionário rei das baladas. Uma morte anunciada. Sem crônica e sem vela.