Um dia de discursos polidos, troca de elogios e poses para muitas fotos. Lula bateu um papo com os novos presidentes da Câmara e do Senado. O deputado Hugo Motta e o senador Davi Alcolumbre começam os mandatos com uma agenda cheia de armadilhas. Algumas pautas vão testar a qualidade da relação entre Legislativo e Executivo. A questão das emendas ao orçamento é um impasse à espera de uma solução.
Num encontro com a imprensa, após a reunião entre as três autoridades, Lula falou sobre harmonia e respeito entre os poderes. O petista se referiu a Motta e a Alcolumbre como “companheiros” e ressaltou que ambos têm “um compromisso com a democracia”. Lula garantiu que nenhum projeto será encaminhado ao parlamento sem o conhecimento prévio dos presidentes das duas casas. Entrosamento total, assim como na fotografia.
Logo mais, toda essa maré mansa será posta à prova. Enquanto isso, a segunda-feira também contou com a retomada dos trabalhos no Congresso e a abertura do ano no Judiciário. Para esta solenidade, no Supremo Tribunal Federal, Lula, Motta e Alcolumbre foram juntos. Luís Roberto Barroso, presidente do STF, discursou no mesmo tom de serenidade, mas deixou recado: o Judiciário não abre mão de suas prerrogativas.
Davi Alcolumbre e Hugo Motta integram as fileiras do Republicanos e do União Brasil respectivamente. Em tese, dois partidos alinhados à direita clássica, mas também loteados por extremistas do bolsonarismo. A grande expectativa é para ver a combinação desse perfil com as demandas de um governo à esquerda. Não adianta minimizar a zoadeira ideológica, porque é isso o que vive a incendiar as redes sociais. Todo dia.
Lula faz uma aposta alta na parceria com a Câmara e o Senado. Segundo informam petistas anônimos na imprensa, o clima tem tudo para melhorar – sobretudo em comparação à presidência de Arthur Lira. Os modos truculentos do alagoano deixaram feridas. Com Pacheco no Senado, o trato foi mais cordial. Não houve ruído com Lula na eleição de Motta e Alcolumbre. O governo espera esse reconhecimento. Por aí.