Sai a primeira pesquisa do ano sobre a disputa presidencial de 2026. Ao contrário do levantamento anterior, o nome de Jair Bolsonaro não foi incluído entre os pré-candidatos, dada a sua condição de inelegível. Dois ou três aspectos chamam atenção numa leitura inicial dos números da Quaest. Primeiro, a esperada liderança de Lula em todos os cenários testados. O que não significa que a parada seja fácil.
Uma novidade é a inclusão do deputado Eduardo Bolsonaro e do cantor Gusttavo Lima na pesquisa estimulada. Nos quatro cenários de primeiro turno, os dois se revezam entre o segundo e o terceiro lugares, com até 13% das intenções de voto. Em seu melhor resultado, Lula aparece com 33%. Em outro quadro, o governador paulista Tarcísio de Freitas fica em segundo lugar, com 13% das preferências. Há um grupo embolado.
É mais um dado relevante no panorama desenhado pela Quaest. A direita pulverizada despeja votos em quatro alternativas, diante do candidato único das esquerdas. O jogo mais explosivo se dá entre as forças do mesmo lado. A cada minuto, esse cenário tende a se consolidar – o que significa uma guerra sangrenta entre “aliados”.
Há um quarto nome que aparece bagunçando mais ainda o bloco “conservador”. Depois do resultado na eleição para prefeito de São Paulo, Pablo Marçal cravou um lugar no eleitorado de ultradireita. Chacoalhou o bolsonarismo e virou inimigo de Bolsonaro. O ex-presidente tem de engolir a realidade: ele não é o dono do voto liberal, conservador ou reacionário – ou qualquer outra classificação que se queira dar a esse grupo.
A pesquisa Quaest testou seis cenários de segundo turno. Lula vence em todos. A maior diferença é sobre Ronaldo Caiado. O petista ganharia de 45% a 26% contra o governador goiano. O resultado mais apertado – atenção! – seria contra o cantador Gusttavo Lima. Lula teria 41%, e o violeiro chegaria a 35%. É um desempenho muito forte.
Resumindo, a pesquisa apresenta o seguinte cardápio para sua escolha em 2026: Lula, Tarcísio de Freitas, Eduardo Bolsonaro, Gustavo Lima, Pablo Marçal, Romeu Zema e Ronaldo Caiado. Correm por fora ainda, como sabemos, os governadores Eduardo Leite (RS) e Ratinho Junior (PR). Até agora, não parece que tenhamos mais novidade.
Ia esquecendo do Ciro Gomes. Ele também está na pesquisa Quaest – e é mais um fator a chamar atenção. Ciro varia de 9% a 13% das intenções de voto. Isso é que é resiliência! O ex-ministro e ex-governador cearense diz que não será candidato, mas vive em campanha o tempo todo. O problema é ultrapassar esse antigo teto eleitoral.
O retrato é preocupante para Lula. Ele lidera, mas a maioria do eleitorado está espalhada por candidaturas claramente da direita. Hoje, uma aliança dessas forças no segundo turno levaria a eleição. Trabalho duro para pensadores e marketeiros do Planalto.