No último dia 30, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo tomou uma decisão que assustou o bolsonarismo e a extrema direita. Por 5 votos a 2, o TRE cassou o mandato da deputada federal Carla Zambelli, filiada ao PL de Bolsonaro. A parlamentar foi condenada por cometer crime eleitoral na disputa de 2022. O tribunal considerou que ela praticou abuso de poder político e disseminou informações falsas sobre a votação.
É a mesma estratégia de Jair Messias, que passou os quatro anos de mandato presidencial numa campanha espúria contra o voto em urna eletrônica. Para isso, valeu-se de todo tipo de invencionice para desacreditar a lisura do processo eleitoral. Zambelli bateu todos os recordes de insanidade na sanha de seguir os passos do mestre. Até no dia da votação, ela divulgou informações notoriamente fabricadas com fins criminosos.
A parlamentar pode recorrer ao TSE e, por enquanto, fica no mandato até decisão final. Se confirmado o veredito do TRE paulista, além de perder o cargo, ela fica inelegível por oito anos, exatamente como ocorreu com seu ídolo, o ex-presidente. Num cenário de normalidade democrática, faz o certo o tribunal de São Paulo. Zambelli agiu de modo a avacalhar as regras do jogo, como se tudo fosse permitido a uma autoridade política.
Vejam que Jair Bolsonaro acusou o golpe. Numa entrevista a uma turma de amigos, numa emissora de rádio, ele disse que “o TRE de São Paulo aprendeu com o TSE”. Repetindo a ladainha segundo a qual é vítima do ministro Alexandre de Moraes, o “mito” fez a seguinte reflexão: “Abriu-se essa jurisprudência para poder vir para cima de mim, tanto é que o processo a que eu respondo é esse – desacreditar o sistema eleitoral”.
O sujeito sabe o que fez, assim como seus aliados de mesmo padrão ético. Os viúvos do capitão da tortura passam recibo em diferentes províncias brasileiras. Em Alagoas, o deputado Cabo Bebeto se mostra indignado com a derrota de Zambelli na Justiça. Fala o democrata Bebeto: “A direita é silenciada e caçada sem piedade. Isso não é democracia, é censura, é ditadura”. Como se vê, fanatismo costuma produzir delírios.
O julgamento do TRE-SP prova o contrário do que dizem Jair Messias e Bebeto. Porque estamos, apesar de tudo, numa democracia, a Justiça se aplica a todos, incluindo detentores de mandato. As reações pela extrema direita confirmam que tem gente apavorada, temendo a força da lei. A hora do marginal Bolsonaro está chegando.