A notícia ganhou forte repercussão e gerou até um mal-estar entre a secretaria estadual de Segurança e a superintendência da Polícia Federal. A informação realmente causa espanto. Como publicado aqui no CADA MINUTO, vários cursos da Universidade Federal de Alagoas suspenderam as aulas presenciais no campus de Maceió. O motivo é a insegurança naquela região pra lá do Tabuleiro, perto de presídios. Caso sério.

As informações sobre a real situação ainda estão envoltas em mistério inexplicável. Sabe-se de uma nota divulgada pelo Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Arte. O texto não explica o que está havendo, não dá detalhes sobre providências e não cita episódios que tenham provocado a decisão de parar com todas as atividades. Mas o motivo seriam casos recorrentes de assaltos e tráfico de drogas na área da universidade.

O colegiado do curso de Relações Públicas, que integra o ICHCA, divulgou nota na qual afirma: “A falta de segurança para a realização de nossas atividades é um problema antigo e que requer um debate urgente e coletivo com toda a comunidade acadêmica”. Diante do quadro, o texto diz que o curso suspendeu os trabalhos por 15 dias, e “o retorno à modalidade presencial será discutido com as instâncias superiores”.

Diante do que veio a público com as duas manifestações, a Secretaria de Segurança também emitiu nota para defender suas ações na região da Ufal. E jogou para a PF a responsabilidade pela garantia da paz na rotina de professores, técnicos e estudantes universitários. Um dia depois, foi a vez de a direção alagoana da PF também produzir sua nota particular. E, é claro, devolve a encrenca à polícia estadual. Sim, já vimos esse filme.

Não é de hoje que a imprensa noticia ocorrências policiais no campus da Ufal. Na verdade, tem mais de uma década que esse tipo de coisa acontece. Nunca houve, porém, algo parecido com a suspensão de atividades. Não que eu lembre. Tráfico de drogas no ambiente acadêmico? É o que denunciam servidores e alunos. No meu tempo havia apenas um inofensivo “fumódromo”. Tudo muito civilizado, nada de confusão.

O mais espantoso em toda a controvérsia é a postura da reitoria da universidade. Uma omissão inaceitável diante da gravidade dos fatos. Aliás, por razões que desconheço, a Ufal está sob direção interina. A nota do ICHCA diz que a reitoria vai se manifestar no próximo dia 4 de fevereiro, após reunião do Conselho Superior Universitário.

Do jeito que vai, concordam todos, não pode ficar. Trata-se de uma instituição pública de ensino superior vencida pelo crime. Porque é isso o que está posto. Autoridades precisam mobilizar forças para encarar o problema e resolver a parada o mais rápido possível. O jogo de empurra entre esferas estadual e federal é atitude grotesca.