Na véspera das eleições para presidentes da Câmara e do Senado, tudo caminha para o desfecho previsível. Davi Alcolumbre será eleito para comandar o Senado. O parlamentar do Amapá, filiado ao União Brasil, volta ao cargo que ocupou entre 2019 e 2021. Seu nome é o favorito absoluto porque decorre de um grande acordo que acomoda governo e oposição. O escolhido promete atender a interesses opostos. Em tudo se dá um jeito.
Candidato da maioria, mas não o único. Outros três senadores desafiam o consenso quase geral e se lançaram candidatos. O cearense Eduardo Girão e o astronauta Marcos Pontes são dois bolsonaristas oficialmente na disputa. E temos ainda como candidata a senadora Soraya Thronicke. Ela é uma dissidente do bolsonarismo. Assim, os quatro candidatos estão no mesmo campo das ideias – variam do centro à extrema direita.
A vitória de qualquer um dos adversários de Alcolumbre seria considerada uma zebra histórica no Poder Legislativo. Assim como na Câmara, não vai acontecer. O deputado paraibano Hugo Motta, com filiação ao Republicanos, terá dois adversários. Guerrilheiro do PSOL, Pastor Henrique Vieira é um deles. O outro é o perturbado Marcel Van Haten, reacionário gaúcho filiado ao Novo. São “candidaturas de protesto”.
O acordão e o candidato único (ou quase) são uma tradição no parlamento desde a redemocratização. Uma exceção barulhenta foi a eleição de Severino Cavalcanti em 2005. Com o PT rachado, com dois petistas na briga, o folclórico pernambucano ganhou a parada. Caiu meses depois, enrolado em casos de corrupção. Não temos nada parecido com aquele cenário. O imponderável não tem chance na eleição deste sábado.
Alcolumbre e Hugo Motta assumem com poderes turbinados – como vimos nas últimas gestões do Congresso Nacional. A Folha de S. Paulo informa que a primeira pauta na agenda de ambos é um encontro com o ministro Flávio Dino. O objetivo é destravar no STF as emendas parlamentares, demanda de absoluta prioridade eleitoral. Na visão pragmática do governo, o arranjo possível; logo, o melhor. Afora uma bomba, é isso.