A turma de Bolsonaro não gostou nada. A ultradireita em geral também repudia os percentuais apresentados. Falo da pesquisa realizada em parceria por Ibrape e CADA MINUTO sobre a imagem do STF em Alagoas. Segundo os números, 68% da população do estado aprovam a atuação do Supremo Tribunal Federal. A princípio, o resultado causa alguma surpresa diante de tudo o que houve nos últimos anos no Brasil.

O arrastão da extrema direita, com Bolsonaro como o grande líder em sua fase inicial, elegeu as instituições do país como alvo preferencial. Faz todo o sentido, afinal o projeto de poder forjado nesses termos precisa se livrar de regras e mecanismos de controle. Daí que o STF tenha se tornado vítima da fúria não apenas retórica, mas de violência, ameaças e finalmente a depredação do 8 de janeiro. Foi uma campanha permanente.

O tribunal cometeu erros que ajudaram a fomentar crises. O maior vacilo foi se dobrar à bandalha da operação Lava-Jato no esforço de destruir politicamente Lula e o PT. Além desse atacadão de conduta enviesada, decisões tomadas no varejo, em diferentes processos no tribunal, também ajudaram na bagunça. Juiz decide como se fosse o rei, mais poderoso que o presidente – essa a imagem que pegou em diversas ocasiões.

Não se comparam pesquisas de institutos diferentes, menos ainda com levantamentos de épocas distintas. Mas é o que vamos fazer agora. Vejam que diferença. Em março de 2024, o Datafolha atestou que 29% dos brasileiros aprovavam o trabalho do STF, contra 28% que avaliavam o tribunal negativamente. O resultado fica longe do cenário captado agora pelo Ibrape em Alagoas. Nada errado no retrato. Parece tudo dentro da lógica.

A imagem do STF melhorou após o enfrentamento da trama golpista de Bolsonaro. Mas o forte apoio alagoano aos ministros tem a ver, é claro, com a divisão eleitoral do país. Lula segue na ponta, ainda que tenha perdido apoio nas últimas pesquisas. O bolsonarismo, que agita a bandeira contra o Poder Judiciário, não emplaca tal narrativa pelas bandas do Nordeste. A associação direta entre as duas esferas não é saudável para a democracia.

Mas é o rumo que as coisas tomaram na guerra permanente de versões, ideias e projetos de poder. Enquanto os ministros do STF podem dormir em paz com Alagoas, o mesmo não vale para outras geografias e situações. Pelo Senado, a extrema direita não desiste de tocar processos de impeachment de membros do tribunal. Os primeiros na mira de fuzilamento são Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. Vem novidade por aí.