Agora vai ser assim. Lula decidiu falar mais com a imprensa. Decidiu também que vai sair pelo Brasil para se comunicar melhor com a população. Foi isso o que disse o próprio presidente na manhã desta quinta-feira, 30 de janeiro. Durante pouco mais de uma hora o petista conversou com jornalistas que cobrem a rotina do governo e o dia a dia do Planalto. A entrevista coletiva não estava na agenda, foi uma “ideia de última hora”.
Apesar dos temas graves, o tom foi de descontração. Na verdade, Lula cumpriu mais uma tarefa no plano de marketing recentemente adotado com a chegada de Sidônio Palmeira ao comando da Secom. A produção para redes sociais mudou tudo no estilo, com mais dinamismo e agilidade. Os números de acesso e compartilhamento dispararam. É o que afirmam agências de checagem e também a velha imprensa.
A entrevista inesperada – mas com evidente planejamento – serviu para Lula responder sobre diferentes temas. As críticas de Gilberto Kassab ao ministro Fernando Haddad foram das primeiras questões tratadas. Lula ironizou e defendeu o titular da pasta da Fazenda. Em cada resposta, a reafirmação de ajustes e acertos feitos pelo governo diante da “herança maldita”. Ainda assim, o tom foi sempre de conciliação.
Demonstrando disposição, mas sem recorrer ao confronto, Lula especulou e deu pitaco numa antologia de assuntos. Sobre a taxa de juros e o Banco Central, o petista espera o melhor dos mundos com a presidência de Gabriel Galípolo. Sobre Gleisi Hoffmann ministra da Secretaria Geral da Presidência, ele fez elogios a petista, mas pediu calma. Sobre tarifas de Trump contra o Brasil, Lula diz que a reação será na mesma medida.
Na fala inicial e em diferentes respostas aos jornalistas, Lula defendeu a democracia. Tratou do tema sem que houvesse perguntas dos repórteres. Ele ressaltou o que considera “o perigo do avanço da extrema direita no mundo todo”. E, no alvo específico, disse que é preciso turbinar “o Brasil da democracia contra o Brasil do golpe”.
Jair Bolsonaro falava para o cercadinho, um conjunto de “entrevistadores” abduzidos pelo fanatismo ideológico. Os marqueteiros de Lula querem que ele fale direto ao povão, mas sem hostilizar as instituições e os modos civilizados de comunicação. Se vai dar certo, veremos adiante. A oposição, em diferentes ambientes, está disposta a tudo.