Na manhã desta sexta-feira 24 de janeiro de 2025, parte da imprensa alagoana, incluindo o CADA MINUTO, trazia nas manchetes o estranho caso de uma ONG ligada à prefeitura de Maceió. A organização não governamental foi contemplada com 26 milhões de reais do orçamento federal. A estranheza decorre de algo fora do comum: a soma milionária foi viabilizada por meio de emendas da bancada do Distrito Federal no Congresso.
O caso foi revelado pelo portal Metrópoles. A reportagem mostra que no endereço do Instituto Econacional de Desenvolvimento (nome da tal ONG) funciona na verdade o Centro de Atendimento e Cuidado, um esquisito órgão do governo municipal. Esse troço foi inaugurado em 2023, com a presença ilustre do prefeito João Henrique Caldas. Ninguém sabe direito quais as atividades desse braço da prefeitura.
A equipe do Metrópoles foi à sede da ONG no centro de Maceió. Lá, um camarada se apresentou como diretor da entidade e servidor da prefeitura. Agente duplo. Pode isso? O presidente do Econacional, Ramalho Souza Alves, foi procurado, mas não apareceu para clarear essa zona toda, até agora muito cinzenta. E a prefeitura? Algum esclarecimento?
Criada há menos de dois anos, a ONG parceira da prefeitura de JHC já entrou no radar da Controladoria-Geral da União. Relatório da CGU, divulgado nos últimos dias, afirma que a entidade “não possui informações a respeito da transparência da execução de recursos públicos recebidos”. Quanto mais se mexe, mais as suspeitas aumentam.
Na origem do mistério, as emendas de comissão e de bancada, sem a identidade dos parlamentares. O STF acabou com o orçamento secreto, mas a elite do parlamento deu um drible na Justiça. Por isso aquela confusão em torno das decisões do ministro Flávio Dino, do Supremo. Sem controle, o dinheiro público some na poeira do anonimato.
Que a situação revelada é uma anomalia, isso parece evidente. Sobram indícios de que algo está muito fora do prumo. Por que deputados e senadores de Brasília enviam uma bolada de 26 milhões de reais para uma ONG de Maceió? Não há explicação razoável para o que se sabe até agora. E a prefeitura vai mesmo ficar em silêncio? Aí complica.