“Quem defende o jornalismo valoriza as e os jornalistas!”. Foi com essa reivindicação em comum que jornalistas de todo o Brasil se mobilizaram para construir a primeira Campanha Salarial Nacional Unificada dos Jornalistas durante o ano de 2024. E os resultados dessa luta já demonstram importantes avanços para a categoria.
Dos 14 Sindicatos de Jornalistas que compartilharam os resultados das negociações realizadas no ano passado (confira as informações detalhadas abaixo), quase todas as entidades coordenaram Campanhas Salariais que conquistaram as reposições salariais pela inflação do período com aumento real para suas categorias..
Os sindicatos conquistaram dez reajustes salariais acima da inflação para os respectivos períodos, ou seja, com ganhos reais nos salários dos trabalhadores. Outras cinco campanhas estaduais conseguiram as reposições salariais pela inflação do período. Não houve registro de reajuste abaixo dos índices inflacionários.
Lançada em novembro de 2023, durante o 22º Encontro Nacional de Jornalistas em Assessoria de Imprensa (ENJAI), a Campanha Salarial Nacional Unificada dos Jornalistas tem o objetivo de apresentar nacionalmente as lutas da categoria. A partir da realização de plenárias nacionais, foram aprovadas reivindicações que pautaram as negociações em todo o país, como a luta por aumento real de salários, respeito à jornada de trabalho, prevenção de violência e assédio e igualdade de oportunidades.
Apesar de os Sindicatos de Jornalistas realizarem as Campanhas Salariais em datas-bases diferentes, a Campanha Salarial Nacional Unificada possibilitou às entidades realizarem o intercâmbio de experiências e organizarem mobilizações em comum, com o apoio da FENAJ.
A partir da unificação de reivindicações de interesse das e dos jornalistas em todo o país, foi possível conquistar avanços em cláusulas econômicas e sociais: no caso da negociação de Rádio e Televisão de São Paulo, os patrões do segmento concordaram em incluir uma cláusula de combate ao assédio moral e sexual após muitos anos de pressão por parte da categoria. No Paraná, que realiza a negociação unificada entre os dois sindicatos do estado, houve a manutenção da cláusula do anuênio, que garante 1% de reajuste para cada ano trabalhado.
“A Campanha Salarial Unificada de 2024 foi um primeiro passo importante para coordenarmos as reivindicações e os esforços dos sindicatos na busca por melhorias concretas para a categoria”, afirma a presidenta da FENAJ, Samira de Castro. A lonho prazo, o objetivo é construir uma data-base unificada para os jornalistas e construir acúmulo para chegar a um piso salarial nacional.
Para 2025, a Secretaria de Mobilização, Negociação Salarial e Direito Autoral da FENAJ já prepara um calendário de plenárias para retomar a Campanha Salarial Nacional Unificada com um nove mote e energia renovada para envolver mais entidades sindicais nessa luta em comum.
Veja a seguir o balanço das negociações:
SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DO ACRE
– Com data-base em 1º de maio, mantém acordo com as principais empresas de comunicação do estado, conquistado um reajuste de 5% no piso salarial, diante de uma inflação de 3,23%.
SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DE ALAGOAS
– A nova diretoria conseguiu um reajuste acima da inflação. Com data-base em 1º de maio, o piso salarial recebeu acréscimo de 3,86% com a manutenção das cláusulas sociais e econômicas. Além disso, foi ampliado o número de empresas que assinaram o acordo trabalhista
SINDICATO DOS JORNALISTAS DA BAHIA
– Firmando Acordos Coletivos de Trabalho com as maiores empresas do estado, conquistou reajuste de 6,14% nos salários e piso e 10% nas demais verbas para jornalistas da redação do “A Tarde”; 4% de reajuste nos salários e verbas econômicas e 9,5% no piso para jornalistas do “Correio” e 4% de reajuste nos salários e 9,9% no piso na redação da “Tribuna”. A data-base tem como referência o dia 1º de maio.
SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DO CEARÁ*
– Para os jornalistas que trabalham em veículos impressos, há Acordos Coletivos de Trabalho nas principais empresas do estado, com data-base firmada em 1º de setembro. A categoria conquistou um reajuste de 4,06%, mesmo índice firmado para profissionais que trabalham nas assessorias de imprensa. Em Rádio e Televisão, cuja data-base é no dia 1º de janeiro, houve reajuste de 4,21% no piso salarial e 4% para os demais salários, representante um ganho real de 0,29%.
SINDICATO DOS JORNALISTAS DO ESPÍRITO SANTO
– Mantém CCTs em Rádio e TV e no segmento de Impresso, Revistas e Similares, com ambas as datas-bases em 1º de maio. Com negociação encerrada em agosto, houve a unificação do piso de rádio em R$ 2.252,38 (o menor valor era de R$ 1.871,85) e reajuste de 8.39% para o piso dos jornalistas que trabalham nas TVs do interior do Estado – passando a ser de R$ 2.223,39. Para profissionais que atuam na Grande Vitória e nos jornais do interior, o reajuste é de 3,23%, o que corresponde à inflação do período.
SINDICATO DOS JORNALISTAS DE GOIÁS
– Com CCT firmada e Rádio e TV, cuja data-base é no dia 1º de maio, conquistou reajuste salarial de 4% e de 6,9% no piso diante de uma inflação de 3,23%.
SINDICATO DOS JORNALISTAS NO ESTADO DO PARÁ
– Mantém CCT de Rádio e TV, cuja data-base é no dia 1º de maio, além de realizar negociações com a Funtelpa (Rádio, TV e Portal Cultura) e empresas do município de Santarém. Na negociação coletiva, após mediação do MPT, o Sindicato entrou com pedido de dissídio coletivo e no mês de novembro fechou a CCT com reajuste de 4,5% nos salários.
SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DO PARANÁ E DO NORTE DO PARANÁ
– Mantêm CCT unificada de Jornais e Revistas/Impressos e Rádio e TV (data-base em 1º de maio). A negociação é realizada conjuntamente entre o Sindicato dos Jornalistas do Paraná e o Sindicato dos Jornalistas do Norte do Paraná. Para a CCT 2024/2025, houve a discussão das cláusulas econômicas, com a manutenção das cláusulas sociais da CCT 2023/2024. No final de maio, houve o reajuste pela inflação do período (3,23% pelo INPC), além da manutenção de cláusula do anuênio (1% para cada ano trabalhado).
SINDICATO DOS JORNALISTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
– Negocia a Convenção Coletiva de Trabalho em Rádio e TV (data-base em 1º de março) e Impresso (data-base em 1º de julho). Em RTV, desde 2021 não há assinatura da CCT (as perdas passam de 21,19%): com a TV Record de Campos, houve em julho a assinatura de ACT, com reajuste salarial de 19%, além da redução do cálculo do banco de horas de 1 ano para 180 dias;
SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DO RIO GRANDE DO SUL
– Mantém CCT de Jornais e Revistas e de Rádio e TV (ambas as CCT têm data-base em 1º de junho). A negociação conjunta com os sindicatos patronais de Jornais e Revistas e RTV foi concluída em outubro, com reajuste de 3,5% (diante de inflação de 3,34% pelo INPC), além da manutenção das cláusulas sociais;
SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DE SANTA CATARINA
– Negociação CCT de Jornais e Revistas, cuja data-base é em 1º de maio. O Sindicato fechou a negociação 2023 com o reajuste pela inflação do período (3,83% pelo INPC) e manutenção da redação da CCT neste ano. Negociação 2024 ainda em andamento;
SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS NO ESTADO DE SÃO PAULO*
– Mantém CCTs em Rádio e TV (data-base em 1º de novembro), Jornais e Revistas da Capital e Jornais e Revistas do Interior (data-base em 1º de junho); Realiza também negociações por empresa com ACTs em TVT, Brasil de Fato, TV Cultura, EBC, além de sindicatos que possuem redações (como Sindicato dos Bancários de São Paulo). Em Jornais e Revistas da Capital, houve reajuste pela inflação (3,34% para todos os salários) e ganho real nos pisos (reajuste de 3,5%) e no VR (valor diário passa para R$ 26,50). Em Jornais e Revistas do Interior, após três anos de negociação, houve a assinatura da CCT em agosto, com reposição de parte das perdas e reajuste de 3,34%. Em Rádio e TV, a negociação foi encerrada em dezembro de 2024, com o reajuste dos salários e cláusulas econômicas pela inflação do período (4,49%), ganho real nos pisos das cidades do interior e adoção de cláusula de combate ao assédio.
SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DO SERGIPE
– Com data-base em 1º de maio, realiza negociações coletivas e aprovou reajuste de 3,23% sobre o piso salarial da categoria.
*Sindicatos com duas datas-base