Sete partidos formam o grupo de elite na atual configuração da política brasileira. No total, o país tem quase trinta legendas, mas a maioria é irrelevante. O critério aqui é o tamanho da bancada na Câmara dos Deputados. Desde a eleição de 2018 está em andamento a reforma aprovada em 2017, que estabeleceu a chamada cláusula de barreira. Para ter acesso ao fundo partidário e direito a tempo na TV, é preciso ter votos.

A reforma se completa em 2030, quando a sigla terá de eleger ao menos 15 deputados, em ao menos nove estados, para garantir aqueles recursos para manutenção. O avanço da nova regra fortalece um número reduzido de partidos. Os sete grandes, hoje, são PT, PL, MDB, PSD, PP, União Brasil e Republicanos. Siglas históricas penam para sobreviver – é o caso de PDT e PSB, por exemplo. Os demais ficam na categoria dos nanicos.

Por isso o PSDB, que já integra uma federação com o Cidadania, caminha para uma fusão com o PSD. Mesmo drama vivem Rede, PSOL, Solidariedade, Novo etc. Embora vista como tímida, os efeitos da cláusula de desempenho vêm operando uma revolução silenciosa na política do país. Tamanha novidade pode provocar mudanças cujas dimensões não conhecemos. Em 2026, veremos o alcance da regra.

Apesar da fluidez no pragmatismo partidário, pode-se fazer uma especulação de caráter ideológico frente aos sete grandes. Apenas um, o PT, pode ser catalogado à esquerda. MDB e PSD estariam pelo centro. PL, União, PP e Republicanos formam o quarteto pela direita. Está mais ou menos de acordo com o perfil do eleitor médio brasileiro, segundo os melhores quadros de analistas espalhados por aí. É um mapa praticamente inédito.

Com esse quadro terrível para pequenos partidos e siglas de aluguel, não faz muito sentido a criação de novas legendas. Tudo bem, qualquer agremiação pode operar livremente, mas não terá um real para sustentar a máquina. É fatal. A reforma que avança por etapas terá forte influência na disputa do ano que vem. E aumentará o estrago em 2030. Até lá, diante do que temos agora, a sopa de letrinhas partidária vai secando.