O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) em Maceió encerrou o ano de 2024 com uma queda de 1,6%, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Fecomércio em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Apesar do impulso gerado em novembro pela Black Friday, pelo pagamento da primeira parcela do 13º salário e pela expectativa positiva para as vendas de fim de ano, que elevaram o índice para 117,7 pontos, o receio em relação às novas políticas econômicas para 2025 resultou em uma queda para 115,8 pontos em dezembro.

A retração na confiança reflete as condições econômicas atuais e a cautela em relação ao primeiro trimestre de 2025, como explica Francisco Rosário, assessor econômico do Instituto Fecomércio. “O aumento das taxas de juros, a instabilidade cambial, a dificuldade em honrar compromissos empresariais e as incertezas quanto à capacidade do governo em manter a estabilidade econômica no futuro próximo são fatores que impactam a confiança dos empresários neste momento”, avaliou.

Os três subindicadores que compõem o Icec apresentaram retração em dezembro: o Índice de Condições Atuais (ICAEC) caiu 0,5%; o Índice de Expectativas (IEEC) recuou 3,4%; e o Índice de Intenções de Investimento (IIEC) registrou queda de 0,3%. Embora dois desses indicadores tenham apresentado variações menores, o desempenho negativo reforça a postura cautelosa dos empresários, especialmente em um mês tradicionalmente favorável para o comércio.

 

Ano começa sem muita perspectiva de investimentos

Um dos pontos que pode ser observado entre os subindicadores refere-se às Intenções de Investimento. O recuo de -0,3% aconteceu após um crescimento 4,8%, em novembro, indica que os empresários estão com poucos recursos para investimentos, ao menos no primeiro trimestre de 2025. “Esse dado corrobora com uma recente pesquisa da Serasa Experian sobre a taxa de inadimplência dos empresários, segundo a qual, Alagoas é o estado com a segunda maior taxa de inadimplência empresarial do Brasil, com 42,83% de suas empresas enfrentando dificuldades financeiras”, observa o economista.

A mensuração deste subindicador considera três variáveis: as expectativas de contratação de funcionários (-2,9%), o nível de investimento das empresas (-1,7%) e a situação atual dos estoques (5,1%). Particularmente em relação à contratação de funcionários, o recuo mensal ocorreu após o crescimento de 3,8%, em novembro, e pode sinalizar dois fatores: um ajuste nos quadros de colaboradores temporários – o que ocorre logo após o Natal; e os investimentos em automação, liberando mais mão de obra.

 

Pessimismo maior é nos segmentos de bens duráveis

Composto pelos segmentos do varejo, o Índice de Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC) apresentou uma redução geral de -0,5%. Na análise por segmento, apenas o de semiduráveis se manteve em crescimento, subindo 2,4% no último mês do ano. Este desempenho era esperado, já que calçados e vestuário são itens bem demandados nesta época do ano. Ainda assim, o resultado mensal foi menor do que os 6,4% de novembro.

Os supermercados, farmácias e perfumarias, ou seja, os segmentos de bens não-duráveis, que já tiveram queda de 3,8% em novembro, mantiveram-se em retração e caíram 0,4% no último mês de 2024. A maior redução ocorreu no segmento de duráveis (eletroeletrônicos, móveis, veículos, entre outros), sendo de 5,4%, em dezembro, após o crescimento de 3,3%, em novembro; terceiro mês de melhoria.

Junto a este cenário, as expectativas para o futuro próximo do comércio em Maceió não são das melhores, pois quando se analisa o Índice de Expectativa do Empresário do Comércio (IEEC) no âmbito dos segmentos do varejo, houve redução de -25% comparado a novembro, indicando uma forte perda da confiança nos negócios para o primeiro trimestre do ano.

Por outro lado, os empresários do comércio parecem manter em equilíbrio a situação dos estoques, tendo em vista que esse subindicador apresentou melhoria pelo terceiro mês seguido, ficando em 96,5 pontos. Este cenário pode mudar nestes primeiros meses de 2025, já que o dólar mais alto pode impactar no custo de reposição.

“Será um início de ano desafiador e que já traz como lição a necessidade de planejamento por parte das empresas, não só planejamento de vendas, mas também o planejamento financeiro e de posicionamento de mercado. Isso exigirá que as empresas trabalhem melhor com seus dados e que desenvolvam uma operação mais eficiente”, aconselha Rosário.

*Com Ascom Fecomércio/AL