Na despedida de Michele a caminho da posse de Trump, Bolsonaro chorou no aeroporto. Horas depois, o ex-presidente voltou às lágrimas ao assistir à posse do americano pela TV. O vexame foi postado nas redes sociais por Carlos Bolsonaro, o perturbado filho vereador. A família e seguidores produziram um espetáculo de bizarrices – antes, durante e depois da cerimônia nos Estados Unidos. Difícil separar o trágico e a farsa.

A caravana de políticos bolsonaristas se esforçou para alcançar o topo da ridicularia. Brindes, dancinhas e orações marcaram a passagem da trupe da ultradireita brasileira por Washington. Os que ficaram por aqui organizaram eventos para festejar a volta de Trump. Uma dessas novidades dos últimos anos na vida pública nacional.  

A nova realidade no jogo do poder tornou as coisas piores para nossas lideranças. Explico. A adesão à guerra cultural cobra o preço do constrangimento, digamos assim. Veja o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, passando vergonha com esse patético boné. Ele é da “direita moderada”. É o cara do mercado. Que porcaria é essa?

Ao posar com o artefato de Trump, com o slogan da América dona do mundo, o mandachuva do maior estado do país confirma a mediocridade política e intelectual da chamada elite brasileira. Além da presepada, pegou mal para Tarcísio o evidente oportunismo de seu “alinhamento” com o novo presidente do império.    

No meio de toda a bajulação da direita ao aloprado Trump, ele dá uma declaração de completo desprezo pelo Brasil. Ao responder a uma pergunta da Globo numa coletiva, o presidente afirmou não precisar deste país. “Não precisamos deles. Eles é que precisam de nós”. Os rapazes conservadores da ultradireita estão perplexos com o ídolo.

Bolsonaro é o que é. Daí nada se espera com alguma réstia de dignidade. Um elemento como Tarcísio de Freitas é tão degradante quanto Jair Messias. Talvez pior. No fundo, eles se entendem com afinidades que comportam admiração por milicianos, torturadores e assassinos de aluguel. O cara do boné, um presidenciável, não passa de um brucutu.