O presidente Lula comanda nesta segunda-feira 20 de janeiro a primeira reunião ministerial de 2025. O encontro, para além dos assuntos em pauta, é um desafio no formato e pela duração. Cada ministro faz um breve balanço do trabalho até aqui e apresenta projetos que estão a caminho. São 38 ministérios! Não por acaso a reunião ocorre durante todo o dia. Como um negócio desses pode funcionar? Se o presidente fizesse intervenções às falas de todos, acabaria o mandato, e a reunião continuaria.
Numa ocasião como esta, Lula encontra pessoas com as quais ele não fala há meses. E são colaboradores do governo, ocupando um cargo no topo da estrutura administrativa. Como o peso político de cada pasta varia bastante de uma para outra, alguém tem de lembrar o presidente dos nomes daquelas pessoas. Por isso, o encontro serve memo para Lula mandar recados diretos e cobrar empenho de todos. O clima tá meio tenso.
A reunião ministerial ocorre logo após o ápice da crise com o Pix. Em sua fala inicial, Lula não fez menção direta ao episódio, mas aproveitou para reclamar do ministro Fernando Haddad. É que o chefe da Fazenda ficou na posição de pai da ideia sobre a normativa da Receita Federal. Qualquer iniciativa semelhante, em qualquer área do governo, tem de passar primeiro pela Casa Civil e, depois, pelo Planalto. Porque a comunicação é fatal.
Como que para mostrar disposição para a briga, Lula disse que a oposição deflagrou a campanha de 2026 – e que sua equipe tem de mostrar resultados: “Dois mil e vinte e seis já começou. Não por nós, porque termos de trabalhar, capinar, temos que tirar todos os carrapichos, mas pelos adversários, a eleição do ano que vem já começou. A antecipação da campanha para nós é trabalhar e entregar o que o povo precisa”.
No embalo da disputa política que sacode o país, o presidente apelou à gramática típica desses tempos – como faz a militância nos ambientes progressistas. “Queremos continuar o projeto democrático do país. Não queremos entregar esse país de volta ao neofascismo, neonazismo, autoritarismo”. A eficácia desse discurso é duvidosa.
Que a campanha de 2026 começou, ninguém de bom senso deve contestar. Embora isso não seja exclusivo da oposição – como Lula insinua em sua fala –, a agitação é bem maior de fato no panorama da direita e suas ramificações. Uma das principais razões para isso é a proliferação de pré-candidatos a presidente – dado que Bolsonaro amarga a condição de inelegível. O conjunto de circunstâncias pode produzir surpresas logo ali.