Nos corredores de Brasília, não há dúvida sobre o futuro comando no Congresso Nacional. Se der a lógica e não ocorrer acidente de última hora, o amapaense Davi Alcolumbre será eleito presidente do Senado. Já o paraibano Hugo Motta aparece como virtualmente eleito para presidir a Câmara dos Deputados. A dupla conseguiu reunir aliados que vão do PT ao PL, do MDB ao Progressistas, de Lula a Bolsonaro.
As negociações para se chegar aos nomes de consenso atravessaram todo o ano de 2024. No caso da Câmara, o deputado Hugo Motta não era a primeira opção de Arthur Lira. Ao deixar a presidência da Casa, é uma questão de honra para o alagoano fazer o seu sucessor. Após impasse, o diálogo prevaleceu e as correntes se entenderam.
Já no Senado, desde o começo do falatório sobre a eleição no parlamento, Alcolumbre surgiu como nome praticamente único. Ele exerceu o mesmo cargo nos primeiros dois anos do mandato de Jair Bolsonaro. Aliás, o apoio dos bolsonaristas foi decisivo para o desfecho daquela disputa. Agora, com Lula no Planalto, Alcolumbre está de volta.
Parece tudo combinado, mas como a votação é secreta, sempre resta uma boa dose de suspense. Um tropeço inesperado, um fato novo, uma jogada não muito republicana, e a coisa pode mudar de rumo. Tudo isso é verdade, mas não parece que haja margem para uma reviravolta – como já ocorreu em outras eleições no Congresso.
O astronauta, porém, não acredita que o jogo já esteja jogado. Marcos Pontes se lançou candidato ainda no ano passado e até agora não desistiu da aventura. Ele foi ministro de Bolsonaro e esteve ao lado de todas as barbaridades cometidas pelo mandatário. Embalado na onda da ultradireita, Pontes ajuda a degradar a política.
A principal promessa de campanha do senador astronauta é desencadear uma campanha para destituir do cargo ministros do STF. Para atrair o voto dos mais celerados, ele garante que, se eleito, vai pautar pedidos de impeachment para membros do Supremo. O número um da lista de desafetos é Alexandre de Moraes.
Ninguém acredita em virada de mesa capaz de mudar o que parece definitivo. Embora os extremistas estejam cada vez mais atrevidos nas duas casas do parlamento, o esperado é a confirmação de Hugo Motta na Câmara e Alcolumbre no Senado. Seja como for, os profissionais sabem que não se canta vitória antes da bandeirada.