Delegados e militares com mandato eletivo denunciam a presença de “elementos do PCC” infiltrados na política. Na campanha do ano passado, umas dessas tranqueiras veio com esse papo na disputa por uma cadeira na Câmara Municipal de Maceió. O noticiário das últimas semanas revela que, de fato, a facção criminosa se misturou às instituições. Basta ver as prisões de policiais e delegados que ocorreram no Rio e em São Paulo.

Ou seja, se existe “faccionado” investido de um mandato parlamentar, por enquanto, não sabemos. Agora, que existem agentes públicos a serviço das facções criminosas, aí não resta dúvida. O antigo problema se modernizou para sobreviver e se expandir no século 21. O domínio de territórios por quadrilhas, em várias regiões do país, é uma realidade consolidada. Um desafio gigantesco para governos nas três esferas.

Um problema de tal dimensão exige projetos ousados, tecnicamente discutidos, baseados em estudos e experiências de sucesso. E o que temos no parlamento brasileiro? A vigarice de leis como a que prevê castração química para estupradores. O diversionismo, a demagogia e o ridículo se combinam na nulidade da medida.

Outro dia, o senador Sergio Moro discursava indignado sobre o avanço da criminalidade. Do alto de sua elevada cultura geral, propôs o seguinte, em suas palavras: “Se o bandido tem uma metralhadora, temos que ter dez”. Nessa linha, o ex-juiz parcial defende “mais viaturas e armamento” para enfrentar a “guerra”. O nível é esse. Aí fica difícil.

Tragicamente, a cabeça oca de Moro não é exceção. Por burrice ou por má-fé, outras bestas como ele nos cercam o tempo todo com suas ideias bizarras. É delegado, é coronel, é cabo, é juiz, é promotor – não importam a patente, o modelo de toga ou as medalhas, há um padrão fracassado no Legislativo. Com esse panorama, já era.

O governo federal tenta. Quase toda semana, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, aparece em entrevista coletiva para explicar um plano nacional de segurança pública. Tem sido uma aventura inglória. A Bancada da Bala e outras facções não querem saber de combate à violência. Porque lucram com esse estado de coisas.