O deputado federal Arthur Lira está com um pé e meio no governo Lula. O que era uma cogitação desde o ano passado, ficou ainda mais sólido nos meses seguintes. Poderia ser o contrário, uma vez que o parlamentar está se despedindo da presidência da Câmara. Na volta à planície, não iria sumir, mas ficaria vizinho de parede do baixo clero. Não é o caso. O presidente acredita que Lira ministro amplia a força do governo.
Teoricamente, o que o deputado tem a oferecer é sua diplomacia sobre o colegiado no Congresso. Ele também ajudaria a melhorar a relação do governo com a turma do agronegócio. Para isso, o alagoano seria nomeado ministro da Agricultura e Pecuária, posto ocupado desde o começo do mandato pelo senador Carlos Fávaro. A área é de especial interesse de Lira, um milionário investidor no mundo rural.
A escolha do parlamentar para o ministério tem apoio da presidente do PT, Gleisi Hofmann, e de várias lideranças do partido (e do governo). Claro que não há unanimidade, mas as resistências não ameaçam o virtual acordo entre Lula e Lira. O ainda presidente da Câmara avalia o fator eleitoral. Virar ministro é bom para 2026?
Para o presidente, o acerto amplia suas alianças na busca pela reeleição. Num cenário de hostilidade política radical – que não vai mudar tão cedo –, garantir novos parceiros é decisivo. Deve-se lembrar que a mudança ministerial esperada não se restringe a um nome ou dois. Sidônio Palmeira já está na Secom. Outros estão a caminho.
E Alagoas, como é que fica? Com Arthur Lira no ministério, Lula terá de reajustar a parceria com os Calheiros, adversários do virtual ministro. Os grupos rumam para 2026 com interesses concorrentes. Por isso então fala-se numa trégua, ou até mesmo num acordo, a partir de um remanejamento de demandas. Por aí. As partes conversam.
Na agitação natural da política, fatores regionais e nacionais se misturam. Além disso, sabemos, nada é definitivo no parque temático dos poderes da República. A posse dos novos comandos na Câmara e no Senado, em fevereiro, abre a nova temporada no Legislativo. Logo depois, o caso Lira no governo terá o desfecho conhecido.