A imagem acima traz informações relevantes sobre o atual momento no governo Lula. Quem manda no pedaço? Quem exerce mais influência sobre o presidente da República? A foto é da última segunda-feira 13 e mostra Lula ao sancionar o projeto de lei, aprovado no Senado, que proíbe o celular em todas as escolas do país, públicas e particulares. Demanda generalizada na sociedade, a nova regra vale para todo o ensino médio. 

A mensagem que interessa na fotografia é de natureza política. Ao lado de Lula no momento da assinatura estão a primeira-dama do país, Janja da Silva, e o ministro da Educação, Camilo Santana. Tudo bem que o governo “abraçou” a causa, mas o conteúdo aprovado é obra do parlamento. Ex-governador do Ceará e senador licenciado, Camilo é citado como alternativa, caso Lula não possa, por alguma razão, disputar em 2026.

O destaque para o ministro da Educação nesse episódio não faz muito sentido, como se nota. Ele estava ali, na verdade, para ganhar holofotes associado a uma medida que, por ora, agrada a todo mundo. Ainda que esteja decidido a buscar a reeleição, Lula incentiva, nesse caso, o protagonismo de um nome do PT visto como “conciliador” e longe das alas radicais. Para o ministro, o movimento é uma beleza, sem danos colaterais.

No retrato, tão importante quanto o ministro é a primeira-dama. Se a presença destacada de Camilo já é algo fora do normal, a situação de Janja da Silva é praticamente um escândalo. Ela não tem cargo no governo, não é parte da administração, mas exerce precisamente esse papel de visibilidade. Não é de hoje, claro, que a mulher de Lula flutua em Brasília com mais prestígio do que muitos membros do ministério. Causa ciumeira.

Janja trava uma guerra pelo controle na comunicação presidencial. Por isso, ela não gostou da chegada de Sidônio Palmeira para comandar a Secretaria de Comunicação federal. O marqueteiro teria recebido carta branca de Lula – o que resultou inclusive na demissão de aliados de Janja na Secom. O mal-estar entre os envolvidos ficou claro durante a posse de Palmeira. A ver como isso será ajustado para evitar tumultos.

Camilo Santana presidenciável, assim como Fernando Haddad e outros menos cotados. A este quadro petista se acrescenta o nome de Janja da Silva. Não faria sentido essa hipótese, mas a fase brasileira não está para roteiros convencionais. Janja para presidente, por que não? Não é por diletantismo que ela está em todas, com aparente controle da agenda de Lula, disposta a avançar em diversas áreas. Se embalar, dá jogo.