José Dirceu, presidente nacional do PT. Se é para tocar fogo na palhoça, melhor escolha não haverá. A informação é da jornalista Mônica Bergamo, na Folha. A presidente Gleisi Hofmann encerra seu mandato em julho. Um novo comandante será escolhido em eleição direta por todos os filiados. O PT é a única legenda que adota esse modelo para eleger seus dirigentes. Até agora, não há candidatos oficialmente lançados.

Antes de pintar a “bomba” Zé Dirceu, os nomes mais citados eram Edinho Silva (ex-prefeito de Araraquara e ex-ministro no governo Dilma) e José Guimarães, deputado federal e líder do governo na Câmara. O primeiro era favorito, até a eleição de 2024, quando ele não conseguiu eleger sua candidata. Não se sabe se a nova informação muda os planos dos dois cogitados inicialmente. A opinião de Lula é um mistério.       

Banido da vida pública há quase 20 anos, quando teve o mandato cassado na Câmara dos Deputados, Dirceu segue reverenciado pela maioria no partido e, principalmente, na militância da base, entre os mais jovens. É dado como certo que sua candidatura teria o apreço imediato de boa parte dos filiados, que somam pouco mais de 1 milhão e 600 mil em todo o país. Esse é o tamanho do colégio eleitoral que decide o jogo.

Ex-ministro da Casa Civil no governo Lula, José Dirceu recuperou os direitos políticos um dia desses. Se topar a aventura, e tudo der certo, ele volta ao posto que ocupou entre 1995 e 2002 na presidência do partido. Ao tratar do assunto, ele quase descarta a ideia e diz que “é mais provável” uma candidatura a deputado federal em 2026.

Faz sentido mesmo esse retorno profundo ao passado? Dirceu vive hoje de passeios pelo mundo e costuma atacar de analista político – o que faz com brilhantismo. (Não precisa concordar com as ideias para reconhecer as qualidades do camarada). A essa altura, a lenda para a militância ajuda muito mais como um conselheiro, algo por aí.

Um aspecto lateral, mas não irrelevante: a notícia de Zé Dirceu candidato a presidente do PT repete um padrão. Parece um teste. Joga-se o nome na praça, com a assinatura de uma grife da imprensa, para ver o tamanho do estrago. A julgar pelo perfil conhecido há décadas, seria a volta de um “trator” da política. E seria outra reviravolta brasileira.