Ao que parece, a turma do Planalto aposta tudo em Sidônio Palmeira, o marqueteiro que acaba de tomar posse no primeiro escalão do governo federal. Ele será ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República. O novo titular assume o posto no lugar de Paulo Pimenta, que na cerimônia de troca de comando se referiu a si mesmo como “petista raiz”. Um claro recado de insatisfação com a saída do ministério.
O novo ministro pode ser tudo, menos um petista de raízes profundas. Nunca foi próximo de Lula, até a campanha de 2022. Mas o publicitário tem um histórico de atuação com o PT da Bahia. Ele foi o marqueteiro nas campanhas vitoriosas de Jaques Wagner e Rui Costa, os dois governadores que fizeram o PT hegemônico na terra de ACM e do axé.
O governo, o presidente Lula, a direção petista e aliados concordam que a comunicação oficial não anda nada boa. Por mais que a gestão apresente bons resultados na economia, alegam, nada muda na percepção do povaréu. A vida ficou complicada, a inflação descontrolada está de volta, a crise é feia. É o discurso dos adversários de Lula.
Em seu discurso de posse, Palmeira reclamou do “faroeste digital” que tomou conta das redes sociais. O governo é vítima de boatos que muitas vezes atrapalham o desempenho da equipe, lamentou o novo ministro. Ele também apontou a extrema direita como origem principal das fake news, do chamado discurso de ódio e outros males.
Tem um problema para Sidônio. Suas palavras eloquentes não resolvem as encrencas do governo na comunicação com os brasileiros. Tudo o que ele expôs na cerimônia está de acordo com o que pensa a maioria no governo. E fora do governo também. Ou seja, o diagnóstico é de domínio público. Mas e o remédio? Vamos ver o que vem aí.
Como já se foram dois anos do mandato, o novo secretário não passará por estágio probatório, não tem prazo para testar isso e aquilo como eventuais soluções na estratégia de trabalho. Terá de mostrar resultados a curto prazo, num panorama tenso, com muitas dúvidas e cobranças por todos os lados. Definitivamente, a parada é dura.
É a primeira vez, salvo engano, que o marqueteiro da campanha eleitoral faz a ponte para o topo do governo, num cargo visto agora como todo-poderoso. As duas primeiras “sacadas” do rapaz pelas redes sociais apostam em gracinhas. Para obter os resultados que Lula espera, o novo chefe da Secom terá de mostrar que tem melhores recursos.