Não importa o que digam, nem o que façam, os ministros do STF serão vistos, cada vez mais, como atores na política. O caso de Lula e agora o de Bolsonaro são decisivos para essa compressão dominante na chamada opinião pública. É por aí que Bolsonaro vai se mover na tentativa de escapar de uma condenação criminal. Com a mesma estratégia, ele batalha para anular a sentença do TSE e voltar à condição de elegível em 2026.
É dado como certo que, no primeiro semestre, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, denunciará o ex-presidente – nos casos das joias e do golpe de Estado. Aí começa uma nova etapa do processo, agora sob o ritmo do Supremo. Ao mesmo tempo, a tropa da direita força o avanço da PEC da anistia para os condenados pela bagaceira de 8 de janeiro de 2023. No STF, especula-se, o trâmite pode atravessar 2025 inteiro.
Espera-se um carnaval da parte dos bolsonaristas cujo objetivo é precisamente politizar o julgamento de Jair Messias. Na doideira geral em que vivemos, a volta de Trump ao governo americano é apontada como fator capaz de alguma influência no jogo brasileiro – embora ninguém explique como isso se daria. A depender do acerto para mobilizações, povo nas ruas, como está demonstrado, é variável de peso – o que Bolsonaro espera ver.
Não faltam temas para levar o STF às manchetes de repercussão negativa. Para resumir, apenas os casos envolvendo “pautas de costumes” bastam para incendiar o cenário. Segurança pública e, claro, regulação das plataformas digitais também são armadilhas à espera de juízes imprudentes. E tudo isso, com um ex-presidente no banco dos réus.
Mas o fator com mais potencial de influência em tudo isso é o calendário eleitoral. Não há como escapar. Para a oposição a Lula, o panorama hoje é caótico, exatamente pela condição de Bolsonaro, que se recusa a discutir nomes presidenciáveis. Afora ele, a via está engarrafada. A pergunta é: até quando tanta gente vai esperar pelo Jair?
Agora imagine se, para o teatro ficar ainda mais explosivo, crescerem as especulações sobre Flávio Dino candidato a presidente. O ministro do Supremo – nomeado por Lula – seria um plano B para o caso de eventual impedimento de... Lula. A simples cogitação de tal hipótese é suficiente para um novo estudo sobre identidade nacional. Por aí.