O PSDB abriu negociações para uma eventual fusão partidária. Pelo que entendi, o PSD de Gilberto Kassab tem a ficha 01 na fila para conversas com a cúpula tucana. O assunto apareceu primeiro em O Globo, e agora sai nova reportagem na Folha, com mais detalhes sobre essa agitação política. São muitas as situações, incluindo um papo sério com o MDB. Entre as siglas pode rolar uma fusão ou incorporação. Não está claro. 

A notícia parece confirmar a marcha de um partido político para uma “morte horrível”. O termo entre aspas apareceu num editorial do Estadão, no ano passado, ao analisar o destino do PSDB. O diagnóstico saiu logo após a cadeirada de Datena em Pablo Marçal. O jornal traça um quadro “sombrio” para aquele que já foi rei na política brasileira.

Nascido em 1988, naqueles anos de retorno à democracia plena, o PSDB é resultado de uma divergência no velho PMDB de Ulysses Guimarães. Muita coisa aconteceu para que o tucanato viesse ocupar o topo da República. O Plano Real e a estabilidade da economia, combinados, representam o grande legado do partido. É uma catedral.

Mas uma antologia de fatores devastou a fortaleza que parecia quase eterna – embora isso não exista na política. O passo inicial ladeira abaixo veio após a derrota de Aécio Neves para Dilma Rousseff em 2014. Derrotado, o tucano fez uma denúncia fake sobre o resultado das urnas. Tempos depois, o próprio candidato admitiu a chicana. 

Aí veio João Doria Jr. Foi rápido. Após ganhar duas eleições, dar rasteira em meio mundo e tentar se impor candidato a presidente em 2022, ele desistiu de jogar. Deu tudo tão errado, que “João Glória” voltou para seus afazeres de lobista e empresário. E assim o que resta da legenda parece se arrastar na tentativa de sobreviver. Do jeito que for. 

No Legislativo e no Executivo, o partido derreteu a patamares de siglas nanicas. Pode perder seus três governadores, incluindo a pernambucana Raquel Lyra, nome mais reluzente. Sua postura cordial diante do governo Lula alimenta o mal-estar com a direção nacional tucana. Pelo cenário posto, o racha é apenas uma questão de tempo.

Participar de uma fusão ou ser incorporado por outro partido. O PSDB chegou a esse estágio em sua agonia a céu aberto. De fato, caminha para o fim depois de quase quatro décadas de atividade. Na trajetória, o comando de São Paulo e a Presidência do país. Da atual paisagem devastada, em 2026 o lugar do grande PSDB será o fundão fisiológico.