Foi um dia de noticiário cheio sobre a Venezuela. Horas e horas de debates na CNN, na Globonews e concorrentes. Pelos portais de todo o país, destaque para o grande fato desta sexta-feira 10. Nicolás Maduro toma posse para um terceiro mandato, nada menos do que mais seis anos, até 2031. A reeleição do presidente não é reconhecida por um bocado de países, incluindo Estados Unidos e Argentina. Debate pega fogo.

Durante quase o dia inteiro a controversa posse de Maduro esteve como principal chamada na internet brasileira. O tom é de condenação à “ditadura venezuelana”. China e Rússia discordam e reconhecem a vitória do herdeiro do chavismo. Há uma tensão no ar. A oposição se articula com forças estrangeiras para alguma investida. O Exército é convocado pelos adversários do regime a abandonar o chefe. Parece improvável.

Como não se falou de outra coisa no Brasil que não fosse o destino do povo venezuelano, as redes sociais traduziram a zoada. Direita e esquerda trocaram as mensagens que todos esperavam que fossem trocadas. Predominam agressões de mesmo padrão, com sinais trocados. Bolsonaristas berraram ataques aos “comunistas” do governo Lula que “defendem ditaduras pelo mundo”. Aqui não há muito de inovador na guerra permanente.

O tema é incômodo para Lula, aliado histórico e amigo de Maduro – assim como era a relação do petista com Hugo Chávez. Desde a eleição contestada no país vizinho, o presidente brasileiro passou a ser atacado pelo até então amigo. É que o Planalto não reconheceu a vitória de Maduro e cobra informações sobre a votação. É a mesma postura de diversos países. O presidente da Venezuela acha que Lula trocou de lado.

A pauta dos últimos dias não ajudou o governo. A inflação de 2024 estourou a meta. O pacote fiscal ficou pelo meio, o dólar bateu recorde. A reforma ministerial é quase uma loteria. A trama das emendas parlamentares está longe do fim. A articulação com o Congresso segue sob ataques – o que pode mudar com a nova direção na Câmara e no Senado. Cresce o índice de reprovação ao governo. É só uma parte das encrencas. 

No meio do vendaval, Lula achou de editar (ou quase) a legenda das fotos na galeria com a imagem de todos os presidentes do país. Um negócio descabido, sem conexão com a realidade. No fim do dia, um refresco para o petista. Nova pesquisa Atlas Intel revela que ele lidera em todos os cenários na eleição de 2026. Mas isso ainda vai demorar.