Diretamente dos Estados Unidos, os maiores nomes da plutocracia digital anunciam seus planos para governar o mundo. Em parceria com as forças políticas que aderirem ao projeto, eles pretendem um regime acima da política milenar. Instituições, divisão de poderes, marcos da democracia – tudo isso passa a se submeter aos valores do metaverso. Sem dúvida, somos testemunhas de uma revolução imprevisível.

Os fundamentalistas da era digital acreditam que a tecnologia põe em xeque os modos atuais de existência. Está aí a Inteligência Artificial, uma nova e definitiva etapa em todos os níveis da vida em sociedade. Junte-se a isso uma crença de que a criptomoeda vai substituir o dinheiro – e as moedas nacionais deixarão de existir. Os Bancos Centrais e todo o sistema de regulação financeira serão extintos pelo império da moeda digital. 

As figuras de Elon Musk e Mark Zuckerberg são reverenciadas como se fossem líderes de seita. E seus seguidores estão espalhados democraticamente da esquerda à direita. Por um acaso do destino, o atual alinhamento dos dois bilionários com Trump gerou afastamento dos progressistas. No comando das redes sociais – a revolução dentro da revolução –, os donos do dinheiro nunca, nunca foram tão poderosos como hoje

A velocidade das mudanças na internet não para de aprofundar os efeitos de uma distopia que parece não ter fim. O excesso de tudo é o lema desses senhores. E afinal, o que eles querem? Industriais e empresários, os magnatas sempre estiveram no jogo, sempre se deram bem à sombra dos governos. Alguns, é claro, até ocuparam postos no primeiro escalão na esfera pública. Mas agora o esquema é de outro nível.

Os rudimentares homens da economia digital não querem a rebarba, a comissão, a traficância de interesses duvidosos. Nada de intermediários, vamos direto ao ponto. Daí porque o atrevimento de ameaçar descumprir decisões judiciais de um país. Lei? Os ricaços da grana virtual não reconhecem a validade de legislações nacionais. A ironia é ver o conceito de liberdade de expressão sendo distorcido por rascunhos de tiranetes.

Já escrevi vários textos aqui sobre essa realidade paralela do ecossistema digital. A gritaria desses dias, a partir das marmotas de Musk e Zuckerberg, se inscrevem num movimento cada vez mais intenso. Os países começam a reagir de modo mais enfático. Taí um embate jamais previsto por analistas do futuro. Mas é o que temos agora.