Na campanha de 2002, o feiticeiro foi o baiano Duda Mendonça. Vinte anos depois, para voltar ao Planalto num terceiro mandato, Lula fez campanha sob as feitiçarias de outro baiano, o publicitário Sidônio Palmeira. Na foto, a dupla em ação durante a campanha vitoriosa de 2022. Nesta terça-feira 7, o presidente confirmou que o marqueteiro vai para o governo, no cargo de ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social.
O novo titular no ministério vai para o lugar de Paulo Pimenta, que durante dois anos não disse a que veio. A opinião generalizada no governo e entre aliados é de que a comunicação oficial com o eleitorado beira o fiasco. Palmeira chegou falando em gestão analógica, num claro sinal de como vê com desprezo o nível atual do trabalho nessa área. A mudança marqueteira de rota vem sendo martelada em público há meses.
A decisão de Lula abre expectativas e autoriza especulações em duas frentes. A primeira dúvida é sobre o tamanho da troca de cadeiras, se haverá mesmo reforma ministerial. E o caso da Secom será acompanhado com mais pressão – dado que a nova direção alardeia revolução imediata. Mas e as outras pastas? Lula não tem feito declarações incisivas a respeito. Haveria mais dúvidas do que escolhas consolidadas a essa altura.
A confirmação do marqueteiro no governo requenta o debate sobre acertos e erros no modelo de comunicação lulista. Já vimos uma enxurrada de textos explicando por que a esquerda “perde de goleada” a guerra digital – território no qual a direita impõe domínio absoluto. É o que dizem por aí. A política não pode subestimar – porque seria suicídio eleitoral – o arsenal das redes sociais. Uma via, obviamente, incontornável.
Sidônio Palmeira trabalhou em campanhas por Alagoas, especificamente para o ex-prefeito Rui Palmeira. Agora, assume o maior desafio da carreira. Ele exigiu autonomia e “porteira fechada” a indicações políticas. Além das batalhas externas, o novo ministro terá desafetos desde o primeiro minuto no cargo. Assim como no governo anterior, a comunicação é uma brigalhada virulenta nos bastidores do governo Lula.
Não sei. Tanta aposta assim na arte da marquetagem tem tudo para dar em nada.