Todas as atenções para o procurador-geral da República, Paulo Gonet. Sairá de sua caneta a decisão sobre os processos contra Jair Bolsonaro. Consagrou-se o consenso de que o chefe do Ministério Púbico Federal dará seu parecer nos primeiros meses do ano. E o que vem por aí? É dado como certo que o procurador vai denunciar o ex-presidente nos casos das joias e do golpe de Estado. Daí para a cadeia, falta o julgamento do STF.

Ao contrário do espalhafatoso Rodrigo Janot, Gonet atua com discrição, longe dos holofotes, atento aos rigores do processo legal. Essa postura o deixa livre do pântano de acusações que devastaram a carreira do colega. No comando da PGR, o procurador criou até uma história de suposto quase assassinato do ministro Gilmar Mendes. O assassino seria ele mesmo, Janot, que desistiu do ato na última hora. Tempos de Lava-Jato.

Nomeado por Lula para o posto, Gonet parece ter conseguido consolidar a contenção de práticas alopradas no MPF. Tipos como Deltan Dallagnol, que certamente existem, ao menos não estão liberados para delinquências como antes. Nas operações da Polícia Federal sobre a trama golpista, o atual procurador-chefe concordou com a maioria das medidas solicitadas. O mesmo se deu nas demais investigações sobre Jair Messias.      

Tudo isso deveria acabar, segundo bolsonaristas e baluartes da ultradireita. A turma investe no projeto anistia, e a pauta seguirá assombrando o Congresso. O bloco aliado a esse pensamento tenta costurar o apoio de emenda à Constituição para livrar os presos do 8 de janeiro. É improvável que dê certo, mas quem sabe? Seria o pontapé para o principal: livrar a cara do próprio Bolsonaro. Para isso, todas as apostas no Senado.

Não por acaso, a direita extrema toca uma força-tarefa para eleger o maior número possível de senadores em 2026. É na Casa que estão as armas para um cerco contra o STF. Mequetrefes querem estabelecer mandato e facilitar a votação de impeachment de ministros. A volta do recesso, com a eleição das presidências do Legislativo, dará pistas sobre o andamento das tensões. A prisão para Bolsonaro é o principal suspense.