Em 2024, influenciadores digitais foram bater na cadeia. Afora isso, muita coisa aconteceu ao longo de 12 meses. Em 2024, o Botafogo voltou a ser campeão. Caetano e Bethânia tiveram a ideia de uma turnê em dupla. O talento, aprimorado, para os negócios. Acusado de assédio sexual, o ministro dos Direitos Humanos perdeu o cargo – e a biografia. A morte de um cão, o Joca, fez o país pensar em dignidade para todos.

Em 2024, Donald Trump venceu a eleição para voltar ao comando do “país mais avançado do mundo”. China e Rússia bagunçaram o eixo imperialista. Maduro, Bolsonaro, Biden e Lula divergiram sobre democracia e democracia relativa. É verdade que as ruas não estavam sintonizadas com tais abstrações. Depois de um baque, o presidente esteve à beira da morte, admitiram os médicos após aparente hesitação.

Com Arthur Lira em seu último ano como presidente da Câmara, Alagoas frequentou as páginas da grande imprensa quase todo dia. O Congresso Nacional atravessou 2024 com a faca no pescoço do Executivo. Forças policiais exerceram a prerrogativa de decretar pena de morte nas periferias brasileiras. Durante operação da PF, malas de dinheiro voaram por janelas de carros em movimento. A taxa de juros disparou em 2024.

Um dos vitoriosos do ano velho foi Pablo Marçal – com repercussão no futuro imediato e em 2026. Nunca tantas celebridades do jornalismo foram demitidas na TV. O negócio da televisão passa por uma revolução sem precedentes. Setores do universo da arte bateram forte no Ministério da Cultura. Uma tropa reacionária travou o debate sobre descriminalização do uso recreativo da maconha. Em 2024, perdemos.

Em 2024, o jornalismo produziu reportagens sobre os melhores livros e os melhores filmes lançados na temporada. Também houve a lista dos mortos afamados e a escolha popular sobre O Meme do Ano. Cronistas recorreram à metalinguagem para enfeitar aquela crônica – anualmente obrigatória. Em 2024, a temperatura do planeta subiu.

O ano que termina hoje foi uma ilusão, como sempre ocorre a cada dezembro, o mês que também é uma convenção de bases ilusórias. Boa parte do mundo, vamos ressaltar, ignora todas essas mistificações, nenhuma reverência, nenhum ritual festivo. Mitologias particulares. Acho que este é o último texto do ano. 2025? Jamais saberemos. Boa sorte.