A economia não saiu dos trilhos. Mas, pelo barulho da imprensa, as contas púbicas estão em pandemônio, e o equilíbrio fiscal é uma miragem. Para os críticos, os marcos econômicos são atropelados por um presidente viciado na “gastança irresponsável”. A inflação fecha 12 meses com um cisco microscópico acima da meta do Banco Central. Depois de muita especulação para baixo, o PIB de 2024 pode crescer a 3,5%.

Na última pesquisa que mede a ocupação dos brasileiros, o índice de desemprego foi de 6,1%, a menor taxa em décadas. Na TV, os bons indicadores de alguns segmentos disputam espaço com reportagem sobre o preço da carne bovina. Para o pessoal do turismo, se a temporada melhorar, estraga. Ao lado do comércio e do setor de serviços, esse é o trio interligado que atesta bons rumos do governo. Nem todos concordam.

A oposição pela oposição não reconhece os dados favoráveis do cenário econômico. A cantilena acerca do corte de gastos acaba na página dois, quando começam os repasses de emendas orçamentárias. A contradição mortal não impede a encenação: cobrar do Executivo o que o Legislativo não pratica. Não importa. Na batalha das narrativas (foi inescapável), a direita vai de controle das contas públicas – contra a “farra” do petismo.

O PT, o governo e aliados vão tentar vender o peixe de uma economia forte, com os indicadores em crescimento consistente. Ainda que essa tarefa tenha êxito, não será o suficiente para garantir a reeleição de Lula. Porque a polarização é ampla – gênero, ideologia, armas, família, costumes etc. São fatores com um peso eleitoral como nunca houve – mesmo com Jânio Quadros ou Fernando Collor. Eram mais comedidos.   

A disputa de 2026, tudo indica, caminha para um confronto entre bolsonarismo contra Lula e a esquerda. Será a terceira eleição seguida com esses dois blocos políticos no protagonismo. A primeira foi em 2018, com Bolsonaro contra Fernando Haddad. Pode acontecer de tudo em dois anos, mas não parece que os dois lados tenham rivais. Tirante o sobrenatural de última hora, será o mesmo duelo, ou quase, repaginado.